O CEO da Tesla, pioneira na produção de carros sustentáveis, recebe o tuíte de um internauta reclamando do uso indevido como estacionamento de um posto de abastecimento na Califórnia, nos EUA. Em menos de uma semana, o problema foi resolvido com um ‘update’: se o veículo ficasse mais de cinco minutos no local, passaria a pagar uma taxa.
A resposta imediata é apenas um exemplo dos tempos de conectividade, valorizando ainda mais a importância de profissionais da área da alta tecnologia, cada vez mais escassos no Brasil. É que o setor tem registrado um alto índice de evasão desses especialistas nos últimos anos, criando uma dificuldade para que as empresas encontrem o funcionário que procuram.
Organizadores do Scrum Gathering (SGR), treinamento ocorrido no Rio nesta semana voltado para profissionais de tecnologia, traçam um panorama preocupante: a estimativa é que 80% dos brasileiros que deixam o país atuam no segmento de alta tecnologia. De janeiro a junho deste ano, 20.469 brasileiros fizeram as malas para morar em países como os EUA, Austrália, Canadá e Portugal, segundo a Receita Federal.
Uma evasão que criou um vácuo de mão de obra qualificada. Bancos, seguradoras e empresas de telefonia, agora, correm atrás do prejuízo, numa verdadeira caça a profissionais desse segmento. A Oi, por exemplo, está recrutando 118 profissionais para acelerar o seu processo de transformação digital. A ideia é ampliar o foco no aprimoramento da jornada digital dos seus clientes, com tecnologias de ponta semelhantes às usadas pelo Facebook, Netflix, Amazon e Google. As inscrições estão abertas no site Vagas.com.
Outro exemplo dessa demanda ocorreu no evento voltado para a tecnologia no Rio, nesta semana, que contou com a participação de cerca de 500 pessoas. Lá, 60 empresas aproveitaram a oportunidade para anunciar a busca por profissionais. Mas apenas cinco candidatos corriam atrás de oportunidades.
“Profissionais de primeira linha estão deixando o país para ganhar mais e viver num lugar melhor. As empresas estão desesperadas atrás de profissionais no Brasil. Uber, Airbnb e Tesla transformaram a indústria com tecnologia. Isso mostra a importância desses profissionais”, analisa Marcos Garrido, organizador do evento.
O engenheiro Rafael Sabbagh, sócio-fundador da K21, uma das patrocinadoras do evento, concorda. “Bancos, seguradoras e empresas de telefonia estão se digitalizando para dar ao cliente o que ele precisa, com agilidade. Os profissionais que se qualificam nessa área se tornam valiosos em qualquer lugar do mundo. E trabalham em novos cargos, que não existem em empresas tradicionais”, argumenta.
Uma verdadeira caça por talentos em todo o país
Ofertas de trabalho, cursos de qualificação e programas de capacitação surgem com a mesma velocidade das novas tecnologias. A telefonia Oi está à procura de 118 profissionais para admissão imediata. O perfil? Profissionais apaixonados pelo mundo digital. “Estamos procurando pessoas com perfis diversificados e com habilidades necessárias para acelerar o processo de transformação digital da Oi, não apenas os graduados nas formações tradicionais. A Oi tem um apelo grande para este perfil de profissional”, afirma Alexandre Sena, diretor de Gente e Gestão da Oi.
Evento quer estimular empreendedorismo com uso de tecnologia em comunidades
Há até mesmo empresas do exterior em busca de profissionais no setor. Nesta semana, a chinesa Huawei selecionou 20 brasileiros para o programa global Seeds for the Future, que oferece qualificação para talentos na área de tecnologia da informação e comunicação (TIC). “A qualificação de profissionais é fundamental para que as nações acelerem suas jornadas rumo à transformação digital. Os estudantes brasileiros estarão em contato com o que há de mais inovador no mundo hoje”, reforça Liu Wei, vice-presidente de Relações Públicas e Comunicações da Huawei.
Amanhã, o Instituto Rogerio Steinberg (IRS) vai sediar o evento IRS Tech, para apresentar os resultados de trabalhos de 300 participantes da instituição no primeiro semestre. A entidade busca identificar e desenvolver jovens que estudam em escolas públicas do Rio, com ênfase em áreas ligadas à tecnologia.
A Faculdade de Ciências Agro-Ambientais (Fagram) também passou a apostar em cursos tecnológicos, com duração menor e inserção no mercado de trabalho. “Os salários podem chegar até a R$ 25 mil nos cargos de administração de grandes confinamentos de corte”, explica Christiane Perali, coordenadora dos cursos da Fagram.
Fonte: O Dia