A conjuntura nacional e internacional está ajudando a alavancar os preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul nesta reta final de junho. O indicador Esalq-Senar/RS de preços da saca de 50 quilos de arroz em casca (58×10) colocado na indústria avançou 1,65% neste mês, valor similar ao de maio, e alcançou R$ 40,00 nesta segunda-feira, dia 26/6. Em dólar, pela cotação do dia, a saca equivale a US$ 12,12.
Depois de comercializarem perto de 60% da safra em pouco mais de três meses para fazer frente aos vencimentos de custeio privado e outras despesas, segundo projeção de analistas e agentes de mercado, os arrozeiros gaúchos devem reduzir a oferta ao longo dos próximos meses em busca de rentabilidade. Quem tem acesso ao crédito optou por financiar a comercialização em linhas específicas oferecidas pelos bancos. Mais uma vez, as vendas imediatamente pós-colheita, com preços até R$ 11,00 abaixo do custo médio de produção pegou em cheio os agricultores menos capitalizados, que agora precisam ter também recursos para enfrentar, a partir de outubro, a primeira de cinco parcelas anuais das perdas com El Niño na temporada passada.
A retração na oferta gaúcha e a retomada da demanda por pequenas e médias empresas é o primeiro sinal da recuperação nos preços. Mas, há um cenário importante se formando na conjuntura internacional que pode favorecer uma elevação mais rápida de preços a partir de julho: a evolução dos preços internacionais por conta do aumento de demanda da Ásia e da África e a redução da safra estadunidense. Com o dólar acima de R$ 3.30 o Brasil está se tornando mais competitivo para exportar e com preços internos na faixa de US$ 12,00, menos atraente para os países do Mercosul, em especial o Paraguai.
Esta nova conjuntura já permitiu a retomada das exportações por agentes brasileiros, apesar das inúmeras dificuldades de acesso à estrutura de armazenagem e embarque no Porto de Rio Grande. Um canteiro de obras e um guindaste colocado justamente na boca da esteira da Cesa, impede o uso da estrutura do Estado no terminal arrozeiro. Tradings e indústrias estão fazendo malabarismo para carregar os navios e assegurar as vendas internacionais. A exportação é determinante para que o Brasil reduza a pressão de oferta no mercado doméstico. E a queda dessa oferta tende a recuperar gradativamente os preços ao produtor. Para isso, o câmbio deve permanecer nos patamares atuais ou acima e as vantagens competitivas do Mercosul devem reduzir.
O mercado livre gaúcho opera com preços entre R$ 39,00 e R$ 40,00 na maioria das praças, com pontos de negociação entre R$ 40,00 e R$ 42,00 para o produto colocado nas indústrias de Camaquã, Pelotas, São Borja, Uruguaiana, Itaqui e Santa Maria. Variedades nobres com mais de 62% dos grãos inteiros alcançam entre R$ 43,00 e R$ 45,00. No litoral norte, acima de 64% de inteiros podem chegar a R$ 46,00. A expectativa dos analistas e agentes de mercado é de que o mês de julho encerre com preços entre R$ 42,00 e R$ 43,00 como média da saca em casca pelo indicador oficial.
Em Santa Catarina os preços médios também evoluíram na última semana, marcando entre R$ 40,00 e R$ 41,00 nas principais praças. No Mato Grosso e no Tocantins também pode ser observada valorização em torno de R$ 1,00 por saca.
Mercosul
Na última semana a imprensa do Mercosul confirmou a tendência de queda na área plantada da Argentina, com sérios problemas de custos altos e baixos preços, e no Uruguai. Já no Paraguai os arrozeiros estão enfrentando problemas com acusações de gerarem problemas ambientais e alagamentos em cidades, vilas e danos em estradas nas enchentes por causa de suas obras e estruturas de lavouras e terraplenagem.
Pelo menos um terço do volume disponível no Paraguai para exportação já teria sido transferido ao Brasil por preços baixos, para garantir a competitividade e também por falta de estrutura de armazenagem. Sendo assim, é importante avaliar até que ponto a orizicultura do país vizinho, que teve aumento dos custos, perdas produtivas e enfrenta agora problemas com os órgãos políticos e ambientais, terá fôlego para concorrer no mercado interno nos níveis atuais.
Mercado
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 39,50 para a saca de arroz de 50 quilos (58×10) no comércio gaúcho, e de R$ 83,00 para a saca de 60 quilos do produto branco, tipo 1. O canjicão valorizou na semana e alcança R$ 51,00 por saca de 60 quilos, enquanto a quirera, no mesmo peso permanece em R$ 45,00. Já o farelo de arroz, face a demanda por milho nas indústrias de rações e nas cadeias produtivas de frango, suínos e leite avançou R$ 10,00 nas cotações e alcançou R$ 400,00 (FOB) por tonelada.
Fonte: Planeta Arroz