A formação de abscessos, principal argumento utilizado pelo governo norte-americano para suspender a importação de carne in natura do Brasil, pode estar relacionada a problemas de manejo, e não só à inoculação do agente que compõe a vacina. A consideração foi feita pelo do presidente do Sindicato Rural de Santiago (RS), José Luiz Dalosto, afirmando que ainda há “muitos problemas de aplicação que geram a formação do abscesso”.
As deficiências, segundo ele, vão desde a aplicação no lugar incorreto, falta de mão de obra qualificada, estruturas inadequadas, até sensibilidade e estresse animal. “Precisamos aprimorar o manejo e nossas instalações. A carne brasileira é comercializada no mundo inteiro, e qualquer problema que apareça coloca em risco a produção”, disse.
Ao contrário, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), afirma que os abscessos podem ser resultado de reação a componentes da vacina contra a febre aftosa. Houve pedido formal aos laboratórios que produzem a vacina para que reduzam a dose atual de 5 ml para 2 ml.
Guilherme Marques, diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa e presidente da Comissão Sul-Americana para a Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), observou que o Brasil é livre da febre aftosa e, portanto, não é preciso mais utilizar uma dose reforçada. Também solicitaram a retirada do sorotipo C da vacina, pela inexistência do vírus tipo C na América do Sul.
Os EUA prometeram liberar o produto brasileiro assim que o Brasil corrigir erros apontados pelo USDA em questões de saúde, sanitárias e outras relacionadas à saúde animal.
Em resposta, o Mapa informou que irá revisar as normas de inspeção dos frigoríficos. “Vamos ter uma metodologia de inspeção ainda mais rigorosa”, disse o ministro. Ele se comprometeu a viajar para os Estados Unidos assim que a nova instrução normativa (IN) sobre o assunto estiver pronta, para negociar a fim do embargo ao produto brasileiro.
Para o presidente do sindicato rural, essa e tantas outras notícias negativas ao setor pecuária que vieram à tona neste ano, certamente demorarão a se resolver. “Levaremos um tempo para recuperar a imagem de grandes produtores de carne mundial, mas de qualquer forma, essa movimentação do Mapa demostra uma resposta rápida para o problema”, disse.
Fonte: Notícias Agrícolas