A rentabilidade dos produtores de soja na safra 2017/18, a que será semeada no segundo semestre deste ano, está longe de ser um sonho.
Ao contrário, ela não permitirá erros dos produtores, principalmente no que se refere a um descasamento entre despesas e receitas.
A margem operacional para os proprietários de terra será de 29%, conforme estudo do Itaú BBA. Ou seja, para cada real gasto na produção, o produtor terá uma rentabilidade de R$ 0,29.
Com esse dinheiro, ele ainda terá de pagar outras despesas, como dívidas, financiamento e juros.
Essa lucratividade está próxima da de 2016/17, a safra que se encerra, mas distante da de 2015/16, quando a margem foi de 43%.
Esses cálculos foram feitos com base em custo operacional de R$ 2.217,00/hectare, produtividade de 53 sacas e valor de venda de R$ 59,00 por saca. Os dados se referem ao sudeste de Mato Grosso.
Guilherme Bellotti, analista de agronegócio do banco, disse que “a situação é ainda mais preocupante para o arrendatário”.
Dependendo dos custos de arrendamento e da dívida, a rentabilidade desse produtor poderá ser de apenas R$ 7,00 por hectare. “Não é o melhor dos cenários. Será uma rentabilidade ardida.”
A próxima safra exige muita atenção dos sojicultores, na avaliação de Bellotti. Os custos, que, esperava-se, cairiam, estão em alta.
Já os preços, devido à estimativa de repetição da grande safra de 2016/17, estão em queda.
O analista do Itaú BBA destaca o custo do fertilizante. Previa-se uma queda dos preços, mas o produto começa a ter alta em dólar.
Além disso, as vendas estão mais atrasadas neste ano, o que poderá encarecer também a logística da entrega do produto.
Outra preocupação deve ser o descasamento cambial nas operações, disse Bellotti. O cenário político conturbado poderá trazer volatilidade à taxa de câmbio.
Um dos poucos alívios poderá ser o custo da semente, que, devido à maior oferta neste ano, não está em alta.
As expectativas para o mercado de soja não são muito animadoras porque a produção elevada deverá dar folga ao abastecimento.
Com isso, “o balanço global tende a seguir relativamente folgado, com a relação estoque-consumo andando praticamente de lado”, disse Bellotti.
Apesar desse cenário menos favorável para a soja neste ano, em relação aos anteriores, o analista do Itaú BBA não vê redução de área no plantio na safra 2017/18.
Por Mauro Zafalon
Fonte: Folha de S.Paulo