Por incertezas, volume de negócios do boi gordo na BM&F quadruplica mesmo com queda no preço

Cenário de incerteza é a definição exata para explicar a atual dinâmica no mercado do boi gordo. Desde o começo do ano, os contratos futuros do boi na BM&F vinham registrando preços pouco atraentes, fator que foi determinante para redução no volume de contratos negociados.

Mas, desde o fatídico 18 de maio, data da divulgação dos áudios do empresário da JBS, Joesey Batista, com o presidente, Michel Temer, o volume de negócios na Bolsa quadriplicou, ao passo que os preços caíram 3,12% entre os dias 18 a 26 de maio. Por volta das 10h00 (Horário de Brasília), o contrato outubro/17 estava cotado a R$ 132,69/@ em baixa de 0,05%.

Segundo o superintendente, Daniel Latorraca, do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), os agentes de mercado operaram com mais intensidade nos últimos dias, em função das incertezas quando ao mercado nos próximos meses.

“Esse aumento na média diária também foi consequência de alguns contratos maio/17 que foram rolados para outubro/17. Mas, o ponto mais importante é que há nesse momento uma expectativa de que os preços possam cair mais nos próximos meses, por isso todos, indústrias e até pessoas físicas, estão se protegendo”, disse Latorraca.

Considerando o preço atual indicado na Bolsa de R$ 132,00/@ para vencimento outubro e o diferencial de base São Paulo, a cotação real da arroba no Mato Grosso, para esses contratos travados seria de R$ 117,00/@, contra R$ 121,00/@ praticado nessa semana no mercado físico.

Tanto o spot, quando os futuros, estão pressionados e os produtores sem muita definição de como serão os próximos meses. Por isso, a expectativa do Imea é de que o confinamento possa se reduzir significativamente em 2017. Segundo levantamento da Acrimat (Associação dos Criadores do Estado), a intenção de confinar recuou 7%, isso considerando apenas as consequências da operação Carne Fraca.

“Com toda a preocupação da JBS, que em minha opinião é um problema muito maior para o setor, do que a Carne Fraca, é possível que essa intenção caia ainda mais”, disse o superintendente.

Segundo ele, das 700.000 cabeças estimadas inicialmente pelo Imea e Acrimat, apenas 58% desses animais estavam adquiridos, os outros 42% restam ser comprados. “Esse volume é significativo, sendo possível pensar que diante de tantas incertezas o produtor que ainda não fez essa programação, deixe de confinar neste ano”, disse Latorraca.

A grande preocupação é quanto à liquidez desse mercado, mesmo que os custos sejam menores neste ciclo. Os recentes escândalos envolvendo o Presidente da República trouxeram novamente o sentimento de dúvida em relação à recuperação economia.

No mercado internacional, o dólar pode ser o fator de alento para o escoamento da produção. “Acredito que com esse dólar mais atraente, consigamos recuperar nossas exportações, mas de qualquer forma, ainda é incerto o andamento do mercado interno.”

A verdade é que o cenário ainda é obscuro, e os produtores estão procurando se precaver com as ferramentas que dispõem.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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