No lugar de celas individuais, alojamentos em baias que permitem o contato com outros animais da mesma espécie. Essa é a principal proposta da gestação coletiva de matrizes suínas, pela qual as fêmeas têm espaço para suas atividades cotidianas, durante a maior parte do tempo de prenhez.
Esse sistema permite que elas permaneçam em grupo, por um bom período de suas vidas, após a inseminação e próximo à parição, se movimentem mais, reduzindo o estresse e melhorando o tônus muscular. Todos esses benefícios favorecem o parto e ainda diminuem possíveis lesões de articulações, pele, cascos e infecções urinárias.
“O manejo em grupo coletivo permite que o animal expresse seus comportamentos inatos, tais como: exercitar-se, interagir com outros animais da sua espécie, explorar o ambiente, delimitar seu espaço de moradia e descanso e estabelecer uma hierarquia social. Entretanto, o sistema requer uma maior atenção e qualidade de manejo e supervisão”, explica o pesquisador Osmar Dalla Costa, da Unidade de Suínos e Aves da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em entrevista à equipe SNA/RJ.
O especialista, no entanto, alerta que, apesar das vantagens desse sistema, pode haver “um alto grau de competitividade, que pode resultar em brigas”. “Essa situação fica evidente quando o sistema tem uma quantidade de bebedouros e comedouros, e uma densidade inadequada. Além disso, esse sistema exige uma mão-de-obra mais qualificada, preparada e qualificada para garantir a eficiência do sistema.”
O pesquisador, no entanto, garante que “o sistema de gestação coletiva não eleva os riscos de transmissões e propagação de doenças no rebanho”. “Ele requer maior atenção e qualidade de manejo e supervisão, a fim de detectar e corrigir erros de manejo, que podem levar a competições por recursos, o que resulta em brigas e prejuízos ao produtor e ao bem-estar animal.”
VANTAGENS PARA O SUINOCULTOR
“A mudança do sistema de alojamento com celas de gestação para baias de gestação coletiva implica em uma série de alterações na granja, desde a estrutura dela, aquisição de equipamentos, adoção de novas técnicas de manejo até o treinamento do time de colaboradores”, relata o médico veterinário Filipe Antonio Dalla Costa, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), vinculada à Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).
De acordo com Filipe, “os custos para a mudança do sistema é algo que preocupa fortemente os produtores rurais”. “No entanto, o investimento depende de cada propriedade. Durante essa fase, o suinocultor deve focar no retorno financeiro e no impacto no mercado, porque é uma oportunidade de desenvolvimento do sistema produtor, em que os investimentos irão retornar na produtividade da granja e em novas aberturas de mercado, favorecendo toda a cadeia produtora de suínos.”
Ele lembra quando a ABPEX (Associação Britânica de Produtores de Suínos, em português) estimou uma redução de 5% na produção de suínos, durante a fase transitória de 2011 a 2013 para a União Europeia. “Entretanto, isso representou apenas 2,2% de queda. Ou seja, o sucesso para minimizar o impacto da transição depende, principalmente, do empenho dos agricultores, veterinários, transportadores, órgãos do governo, comerciantes, pesquisadores, educadores e cidadãos, pois todos são responsáveis pela cadeia produtora.”
Conforme Filipe, “além disso, ressalta-se a importância das empresas de prestarem suporte técnico aos produtores, a fim de identificarem possíveis pontos críticos e desenvolverem soluções viáveis antes do desenvolvimento do problema”.
Por equipe SNA/RJ