O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse na quinta-feira (25) que sempre se preocupou com o crescimento do frigorífico JBS no Brasil e criticou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por ajudar a empresa a conquistar uma posição dominante no mercado.
“Sempre fui um crítico da posição do BNDES de ter proporcionado esta grande concentração que houve no Brasil”, disse Blairo Maggi durante uma conferência de agronegócio em Cuiabá, cidade localizada no cinturão agrícola brasileiro. Ele chamou a atual crise da JBS, envolvida em um escândalo de corrupção, de “momento delicado”. “Não sei o que vai acontecer com esta companhia”, disse Maggi, que também é um produtor bilionário de soja.
Joesley e Wesley Batista, os acionistas controladores da JBS, transformaram a companhia de um abatedouro regional no principal produtor de carnes do Brasil e um grupo multinacional em expansão, ajudados por cerca de R$ 8 bilhões em financiamentos subsidiados do BNDES.
Os irmãos recentemente desencadearam uma tempestade política após admitirem que pagaram propinas a centenas de políticos brasileiros para proteger seus interesses em um escândalo que envolveu até o presidente Michel Temer. Eles agora tentam negociar um acordo de leniência com as autoridades que os permita ficar no controle de sua holding J&F Investimentos.
Maggi acrescentou ainda que o governo tem buscado encorajar outras empresas a entrar para o mercado de processamento de carnes.
As ações da JBS perderam um terço de seu valor ao longo do último mês, embora tenham se recuperado nas últimas sessões, impulsionadas por relatos de que os irmãos estão avaliando a venda de alguns ativos, possivelmente a própria processadora de carnes.
Em separado, uma importante consultoria da indústria de carnes disse que pecuaristas brasileiros começam a exigir que a JBS pague em espécie, porque estão preocupados com as consequências do envolvimento da empresa no escândalo de propina. “O pessoal está avesso ao risco. Produtores não estão vendendo para a JBS, e quem vende está fazendo o máximo para vender à vista”, disse a diretora da Agriffato, Lygia Pimentel.
A JBS, por outro lado, disse recentemente a pecuaristas do Mato Grosso, maior região produtora de gado do país, que preferia fazer negócios a prazo ou em um período de 30 dias após a entrega. O esforço teve pouco progresso com os produtores, segundo o grupo da indústria Acrimat.
A empresa comprou muitos rivais em importantes regiões produtoras de carne do Brasil nos últimos anos. Em alguns lugares, ela é a única processadora, deixando pecuaristas sem outras opções de compradores. A JBS confirmou que estava esticando os pagamentos ao longo de períodos maiores, mas disse que a iniciativa é anterior ao escândalo de corrupção.
Fonte: Reuters