A despeito de todos os esforços (ainda em andamento) dos setores público e privado para demonstrar ao mercado externo que o desfecho da operação da Polícia Federal divulgada em março passado nada tinha a ver com a qualidade do produto brasileiro, os efeitos do alardeado episódio são bem sensíveis, como se deduz dos dados de exportação de carnes abaixo, levantados pelo Ministério da Agricultura junto à Secex/MDIC.
No fechamento do primeiro trimestre, entre as quatro principais carnes exportadas pelo País, de frango, bovina, suína e de peru, apenas a carne bovina vinha apresentando resultados negativos em relação ao mesmo período de 2016, tanto em volume como em receita. Porque, em essência, o mercado internacional vinha (como vem) experimentando período de maior disponibilidade do produto.
Já em abril, como efeito da repudiada operação, as quatro carnes registraram redução de volume. Em valores relativos, a maior perda foi enfrentada pela carne de peru, quase 50% a menos que um ano atrás. Já em termos nominais, foi a carne de frango quem enfrentou o maior prejuízo, cerca de 95.000 toneladas a menos, perto de um quarto de redução em relação ao mesmo ano do ano anterior.
As perdas para a balança comercial brasileira só não foram maiores porque, a despeito de desacelerarem em abril, os preços médios das quatro carnes fecharam o quadrimestre em franca evolução: o da carne suína, com 37% de aumento em relação ao primeiro quadrimestre de 2016; o da carne de peru, com 24%; o da carne de frango, com 17,5%; e, neste caso, até a carne bovina apresentou evolução positiva, de 5%.
Mesmo assim, a carne bovina completou o primeiro terço do ano com receita cambial negativa. E a queda, de 3,6% no primeiro trimestre, subiu para 6% no quadrimestre.
Excetuados os industrializados de frango (item que inclui a carne de frango salgada), as demais carnes continuaram apresentando evolução positiva na receita cambial. Mas os ganhos sofreram sensível diluição. Ou, contrapondo trimestre e quadrimestre, de cerca de 83% para 42% na carne de peru; de quase 47% para 39% na carne suína; e de 22% para 12% na carne de frango.
Os resultados parciais do mês de maio (três primeiras semanas) até agora divulgados pela Secex sugerem que essa diluição continua, pois, comparativamente ao mês anterior, o preço médio das carnes bovina, suína e de frango vem tendo evolução inferior a 1% em relação ao mês anterior.
Já a receita cambial obtida no período, projetada para a totalidade do mês, sinaliza novamente resultado inferior ao de maio de 2016. Repetindo o que já ocorreu em abril.
Fonte: AviSite