O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sinalizou ontem em reunião com seu colega da Agricultura, Blairo Maggi, que de fato há espaço para alguma redução nas taxas de juros das linhas de crédito rural no próximo Plano Safra (2017/18), como defende o setor de agronegócios. O novo plano deverá ser lançado entre maio e junho e vai estabelecer o montante de recursos e as taxas de juros das linhas de financiamento a taxas controladas que estarão à disposição dos produtores a partir de 1º de julho.
Segundo apurou o Valor, Meirelles alertou Maggi sobre as restrições fiscais que continuam preocupando a equipe econômica, e pediu que os técnicos do Ministério da Fazenda levantem os impactos da redução dos juros do Plano Safra 2017/18 nos gastos do Tesouro Nacional com a equalização dessas taxas. Em contrapartida, Meirelles destacou as trajetórias de queda da inflação e da taxa básica de juros (Selic) e reconheceu que a retomada da economia brasileira passa pela agricultura. São fatores que, em tese, contribuem para que haja uma redução de juros nas linhas voltadas aos produtores.
Como já informou o Valor, o Ministério da Agricultura insiste em uma redução de 2% nas taxas de juros do próximo plano. Se essa proposta prevalecer, os juros das operações de custeio agropecuário, por exemplo, cairiam de 9,5% para 7,5% ao ano, enquanto para as operações de investimento as taxas recuariam de entre 8,5% e 12% para entre 6,5% e 10% ao ano. Mas técnicos da Fazenda e do Banco Central, que ainda consideram a possibilidade de que as taxas do Plano Safra sejam atreladas à Selic, passaram a defender com mais vigor a manutenção do patamar de juros para a agricultura.
Recentemente a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, divulgou uma estimativa apontando que os gastos do órgão com equalização das taxas de juros do crédito rural vão recuar 22% para R$ 8.7 bilhões na Safra 2017/18. A razão é que o teto de gastos, que limita o aumento dos gastos públicos pela inflação do ano anterior e começou a valer em 2017, deverá conter a expansão dessas despesas. Nas últimas safras, o Tesouro gastou de R$ 11 bilhões a R$ 12 bilhões para equalizar os juros do Plano Safra.
O Ministério da Agricultura também defende que o próximo plano tenha mais recursos para linhas de financiamento destinadas a fomentar investimentos no campo, Inovagro (inovação) e PCA (armazenagem). As negociações em torno do Plano Safra 2017/18 no âmbito do governo, entretanto, voltaram a avançar apenas agora e ainda dependem de diversas reuniões que vão se estender por todo o mês de maio.
Fonte: Valor Econômico