O primeiro trimestre de 2017 foi encerrado sem que ocorressem variações significativas no ranking dos principais importadores de carne de frango do Brasil. Assim, em comparação ao mesmo trimestre de 2016, apenas dois países não estão presentes no atual ranking: Cingapura e Reino Unido, que figuram atrás (e por um ano) nas mesmas posições agora ocupadas por Iraque e Alemanha. Neste caso, o destaque vai para o Iraque, cujas importações mais do que dobraram em relação aos três primeiros meses do ano passado, proporcionando aumento de receita de 160%.
Em termos de volume, apenas três entre os dez principais importadores reduziram suas compras: Japão (-3,80%), Emirados Árabes Unidos (-10,45%) e Holanda (-10,71%). Mas apenas a Holanda apresentou queda de receita (-6,68%), parcialmente recuperadas no bloco europeu pelo aumento da Alemanha (incremento superior a 20% em volume e em receita).
Vale observar que, de maneira isolada, Japão e China, segundo e terceiro colocados, acumulam volumes muito próximos, com diferença de apenas 1,5% a favor das importações japonesas. Porém, consideradas as importações conjuntas de China e Hong Kong, o mercado chinês acumula volume 64% superior ao japonês, ao mesmo tempo em que responde pelo equivalente a 93% das importações da Arábia Saudita – principal consumidora da carne de frango brasileira.
No “frigir dos ovos”, os dez principais importadores aumentaram o volume em 3,68% e propiciaram aumento de 20,42% na receita cambial. Já os demais 110 importadores aumentaram o volume em apenas 1,76%, mas registraram aumento de receita maior, de 25,72%.
É provável que alguns se surpreendam com os resultados positivos do trimestre e concluam que a operação Carne Fraca não afetou as importações. Mas não é bem assim: quando a operação foi divulgada em 17 de março, os resultados do primeiro bimestre (extremamente positivos) já estavam consolidados, e praticamente todos os negócios do mês de março haviam sido fechados. Portanto, a influência da aparatosa divulgação foi mínima no trimestre.
A questão agora é saber como essas exportações se encaminharão de abril corrente para frente. Pois, conforme observou um exportador de carne de frango após a forte mobilização do governo federal e do setor privado, “conseguimos minimizar os efeitos dessa aberração, garantindo que a maioria dos nossos mercados permaneçam abertos. Mas será que os novos pedidos continuarão na mesma intensidade anterior?”
Consumo global
Levando em conta o volume produzido internamente e as importações e exportações efetivadas, o USDA apontou que em 2016 os dez maiores mercados consumidores de carne de frango foram, pela ordem, EUA, China, União Europeia, Brasil, Índia, México, Rússia, Japão, Argentina e África do Sul.
Como se vê, o Brasil, primeiro exportador mundial do produto e agora confirmado pelo USDA como segundo produtor mundial, à frente da China e atrás somente dos EUA, ocupa apenas o quarto lugar no ranking dos grandes consumidores. Mas esse posicionamento muda, e radicalmente, quando se considera a população dos países arrolados e, portanto, o consumo per capita aparente. Então, apenas EUA (1º lugar) e Japão (8º lugar) mantêm as posições originais. Entre os demais, a subversão é total.
Assim, caem China (da 2ª para a 9ª posição), União Europeia (da 3ª para a 7ª) e Índia (da 5ª para a 10ª). E sobem África do Sul (da 10ª para 5ª posição), Argentina (da 9ª para a 3ª), Rússia (da 7ª para 6ª), México (da 6ª para a 4ª) e, por fim, o Brasil – que sobe do 4º lugar e se coloca como o segundo maior consumidor desse grupo. Vale notar, em relação ao consumo brasileiro (43,8 kg per capita em 2016, pelas projeções do USDA), que ele corresponde a quase quatro vezes a média mundial estimada a partir dos números daquele organismo norte-americano.
Fonte: AviSite