SP produz 90% da safra de amendoim estimada em 433 mil toneladas

São Paulo é o maior produtor brasileiro de amendoim do Brasil, com 90% da produção nacional. Foto: Ewerton Alves/Divulgação Neomarc

O Brasil deverá colher 433,4 toneladas de amendoim em grão, na safra 2016/17, o que pode corresponder a um aumento de 6,7% em relação às 406,1 mil toneladas do ciclo anterior. São Paulo é o maior produtor brasileiro da oleaginosa, com 90% da produção nacional.

Na temporada atual, a área cultivada com amendoim totalizou 123,4 hectares, ante 119,6 hectares, em 2015/16, um incremento de 3,2%. Já a produtividade cresceu 3,4%, de 3.396 quilos por hectare para 3.512 quilos por hectare, na mesma comparação. Os números fazem parte do levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado agora, em abril.

Os principais polos de cultivo de amendoim do Estado de São Paulo são as regiões da Alta Mogiana (Ribeirão Preto, Dumont, Jaboticabal e Sertãozinho) e Alta Paulista (Tupã e Marília). Cerca de 80% da colheita é destinada às exportações (a maior parte para os países europeus) e o restante é consumido internamente pelas indústrias de doces.

“O melhoramento genético de variedades rasteiras é um dos motivos para o salto na produtividade/produção do amendoim paulista”, afirma Renata Martins Sampaio, pesquisadora do Instituto de Economia Agrícola (IEA).

A previsão da safra paulista de amendoim 2016/17 do IEA e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), com base em levantamento de fevereiro de 2017, é de incremento de 11,4% na produção, de 6,4% na área plantada e de 4,7% na produtividade.

Vale destacar que, para consolidar os dados definitivos da safra, ainda serão realizados mais dois levantamentos: em abril (em processamento) e junho.

“As expectativas incluem boa produtividade aliada à qualidade da produção com condições de atender os mercados mais exigentes em relação ao grão”, enfatiza a pesquisadora.

São Paulo também concentra os demais elos da cadeia agroindustrial do amendoim: o beneficiamento, indústria confeiteira e a indústria de óleo vegetal.

De acordo com a pesquisadora, no Estado, a produção é, em grande parte, realizada em áreas de renovação de canaviais e conta com a organização de parte dos produtores em cooperativas que beneficiam, armazenam e exportam o amendoim.

“Mercados mais exigentes, como os países da União Europeia, também são os que melhor remuneram o amendoim, em contraponto à menor exigência e ao menor preço”, afirma Renata Martins Sampaio, pesquisadora do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Foto: Divulgação

 

MAIS DE 50% DA RENDA

Com a introdução do amendoim, a terra ocupada pela cana-de-açúcar, que ficava ociosa por meses, atualmente representa mais de 50% da renda da Cooperativa Agroindustrial (Coplana), como sede em Guariba, SP. Este ano, a área plantada com a cultura, pelos produtores cooperados, deve totalizar 14 mil hectares, a mesma do ciclo anterior.

A unidade de grãos da cooperativa, localizada em Jaboticabal, SP, deve receber 2,6 milhões de sacas de 25 kg de amendoim em casca, 8,5% a mais que na safra passada (2,383 milhões de sacas). Esse volume equivale a 65 mil toneladas de amendoim em grãos (limpo e seco).

Para o presidente da Coplana, José Antonio Rossato Junior, o bom desempenho do amendoim reflete o empenho do produtor, o aumento da produtividade e o desenvolvimento de pesquisas em parceria com institutos e universidades.

“Juntos, conseguimos ter mais representatividade, maior poder de barganha, além de somar esforços na busca por mais produtividade e, com isso, conseguimos alavancar a economia da nossa região, fortalecendo o agronegócio.”

 

RENOVAÇÃO DO CANAVIAL

Todo o amendoim da região é produzido em áreas de renovação de canavial. “Os cooperados produtores de amendoim se destacam como pioneiros na rotação de culturas, sistema que abriu espaço para  oleaginosa em áreas de cana-de-açúcar, promovendo renda adicional e geração de empregos”, comenta Rossato Junior.

De acordo com o executivo, o modelo de rotação de culturas promoveu também a ascensão de produtores que possuíam pequenas áreas de cana-de-açúcar.

“Como a cultura da cana exige escala, o amendoim permitiu, ao pequeno produtor, manter-se no campo, arrendando terras de produtores maiores. Desta forma, o pequeno produtor de cana tornou-se um grande produtor de amendoim, agregou renda e manteve a mão de obra empregada”, destaca.

Segundo Rossato, Coplana é a maior exportadora de amendoim para a União Europeia e deve enviar, para esse mercado, 25 mil toneladas de amendoim em grãos, em 2017, o equivalente a 23% do volume do Estado (que estima exportar 109 mil toneladas) nesta safra.

Além de amendoim cru, chamado de blancheado (sem a película que envolve o grão) e semielaborado (granulado e tostado), também exporta pasta bruta de amendoim.

A cooperativa possui três certificações internacionais, que atestam a qualidade do grão e de seus processos: BRC – British Retail Consortium, norma para a segurança do alimento, exigência do mercado europeu; ETI, Ethical Trade Initiative, condição para integrar o Programa Nestlé Responsible Sourcing, que possui requisitos de responsabilidade socioambiental na cadeia produtiva; e certificação Kosher, que determina padrões para a comercialização com a comunidade judaica.

Presidente da Coplana, José Antonio Rossato Junior relata que a rotação de culturas abriu espaço para o amendoim em áreas de cana-de-açúcar, promovendo renda adicional e geração de empregos aos produtores rurais. Foto: Ewerton Alves/Divulgação Neomarc

MERCADO MUNDIAL

Segundo a pesquisadora do IEA, o mercado mundial de amendoim é caracterizado pela concentração da produção e do consumo. As variações entre a expansão da oferta e o comportamento da demanda dos principais produtores ditam o comportamento do mercado.

“Os principais produtores de amendoim – China, Índia e Estados Unidos – também são os principais consumidores. Já o mercado europeu, se destaca como importador, assim como países das Américas, da África e do Oriente”, informa Renata.

Argentina e Brasil exportam amendoim em grão e também participam do mercado de óleo de amendoim. No ano passado, as vendas externas brasileiras de óleo somaram 45 mil toneladas e os principais destinos foram China e Itália.

“O Brasil já foi um grande produtor e exportador de óleo de amendoim, porém, nos últimos anos, vem conquistando espaço no mercado europeu para o grão da leguminosa. Em 2016, foram embarcadas 120 mil toneladas para a Europa, 7% a mais que em 2015, sendo Holanda, Argélia e Rússia os principais destinos”, relata Renata.

“Mercados mais exigentes, como os países da União Europeia, também são os que melhor remuneram o amendoim, em contraponto à menor exigência e ao menor preço”, acrescenta.

“O mercado interno, embora em expansão, vem sendo trabalhado, principalmente, pela indústria confeiteira, num esforço a partir do desenvolvimento de novos produtos e novas embalagens e da busca por qualidade com o apoio de selo de qualidade.”

A pesquisadora informa que o mercado de grão de amendoim tem como referência a qualidade do produto, que é vinculada, especialmente, às condições sanitárias relacionadas aos níveis de contaminação por aflatoxina (micotoxina produzida por fungos do gênero Aspergillus).

 

Por equipe SNA/SP

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