Uma safra propícia à recuperação do PIB

O melhor cenário possível para o Produto Interno Bruto (PIB), para as economias de polos produtores, para a inflação e para as exportações. É o que indicam as novas previsões do governo para a atual safra de grãos do país, cuja colheita das culturas plantadas no verão já está na reta final e deverá bater um novo recorde histórico.

Divulgadas ontem, as novas estimativas da Conab e do IBGE para este ciclo 2016/17 caminharam na mesma direção. Enquanto a primeira ajustou sua projeção para a colheita total para 227.9 milhões de toneladas, 2,2% mais que o previsto em março e com volume 22,1% superior ao da temporada 2015/16, o segundo corrigiu seu cálculo para 230.3 milhões de toneladas (aumentos de 2,7% e 25,1%, respectivamente).

Ambos os fortes incrementos, como já sinalizavam as estimativas anteriores, são puxados pela recuperação das colheitas de soja, milho e arroz, que em 2015/16 foram golpeadas por adversidades climáticas provocadas pelo fenômeno El Niño, que, por sinal, poderá ter influência negativa também na próxima temporada (2017/18), segundo as mais recentes previsões meteorológicas.

Tomando por base o 7º levantamento da Conab, baseado em visitas de campo realizadas em março – e que constataram um clima amplamente favorável -, a colheita de soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, deverá atingir 110.2 milhões de toneladas – 15,4% mais que no ciclo anterior e com o maior volume da história.

 

 

A produção de milho, por sua vez, foi ajustada para 91.5 milhões de toneladas, 2,8% mais que o projetado em março, e total 37,5% maior que o da safra 2015/16. O salto é determinado pela segunda safra do cereal, a mais afetada pelo El Niño no ano passado e que agora deverá crescer 51,1%, para 61.6 milhões de toneladas. A produção de verão agora está estimada em 29.9 milhões de toneladas – alta de quase 16% sobre a passada.

No caso do arroz, terceiro grão mais produzido no país, a Conab passou a prever 11.9 milhões de toneladas em 2016/17, volume levemente inferior ao estimado em março, mas ainda 12,7% acima que o de 2015/16. E a produção de feijão, também reduzida no ciclo passado pelos reflexos do El Niño, deverá somar (são três safras por temporada), 3.3 milhões de toneladas, com um aumento de 30,7%.

Esses quatro grãos, que deverão representar 95,1% da colheita total prevista em 2016/17, foram vitais para a alta da inflação dos alimentos no ano passado. Mas com as recuperações apontadas, que deverão provocar uma disparada do PIB da agropecuária do país neste primeiro semestre – após as quedas expressivas do mesmo período do ano passado -, agora também estão sendo vitais para a manutenção dessa “agroinflação” em patamares confortáveis.

Isso porque, como já informou o Valor, essa “recuperação ampliada”, que levará a colheita total a um nível superior ao do ciclo 2014/15 (207.8 milhões de toneladas), tem provocado forte queda dos preços recebidos pelos agricultores desde o fim de 2016, com reflexos igualmente baixistas no atacado e no varejo – e mesmo sobre as cotações de commodities como soja e milho no mercado internacional.

Mesmo assim, se as projeções da Conab para o volume das exportações dessas duas commodities se confirmarem, o efeito será positivo para a balança comercial brasileira. A estatal estima que os embarques de soja alcançarão o recorde de 61 milhões de toneladas neste ciclo – 18,2% mais que em 2015/16, ao passo que os de milho estão projetados em 24 milhões de toneladas – aumento de 27% na comparação, mas volume ainda distante do recorde de 2014/15 (30.2 milhões de toneladas).

 

Fonte: Valor Econômico

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