A consultoria Agrosecurity estima em 109,5 milhões de toneladas a safra de soja 2016/17, que será encerrada no próximo mês de junho. Analistas relacionam o recorde de produção às boas condições climáticas, em comparação com as últimas três safras, onde os índices pluviométricos irregulares afetaram o Cerrado e a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Outras consultorias fizeram revisões de suas estimativas. A Céleres, por exemplo, elevou sua projeção referente à produção da soja para 113.8 milhões de toneladas.
Em relação às exportações, a Agrosecurity concorda com as projeções da Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove), que estima para a soja um volume de 59,8 milhões de toneladas.
Neste caso, o sócio-diretor da consultoria e diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Fernando Pimentel faz uma ressalva: “Por ocasião de uma eventual retaliação ao posicionamento diplomático de Donald Trump ou de quebra na safra americana, esse número pode ser deslocado um pouco para cima, chegando a atingir cerca de 63 milhões de toneladas, mas não muito mais que isso. Estoque e capacidade para embarcar existem, mas o número da Abiove, por si só, já seria fantástico”.
MILHO
Quanto à produção de milho, ele prevê uma segunda safra recorde de 61 milhões de toneladas: “Somando-se à produção de verão, totalizaria 91.5 milhões de toneladas. É um número excelente, que reflete o clima favorável nos dois ciclos e a elevação da tecnologia aplicada”.
Já no quesito exportação, o analista declarou que, considerando o câmbio atual, um volume variando entre 22 e 24 milhões de toneladas de milho seria razoável.
“Isso resultaria em um estoque entre 19 e 23 milhões de toneladas, o que seria desastroso para os preços. Só uma forte desvalorização cambial ou o efeito Trump, ou ambos associados, seriam capazes de alterar esse quadro. Nesse caso, os produtores estão sendo vítimas da própria competência”, diz Pimentel.
RETROCESSO
Apesar do quadro favorável de produção, Pimentel vê com preocupação os últimos acontecimentos envolvendo o agronegócio: “Os efeitos da operação Carne Fraca e a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de cobrar dos produtores o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) foram encarados como retrocesso para o setor”.
”Soma-se a isso o corte de recursos advindos do ajuste orçamentário, que irá impactar a disponibilidade de subvenção às taxas de juros para a agricultura. Realmente, para o setor que vem carregando o Brasil nas costas há décadas, essas novidades não contribuem com melhorias.”
PROJEÇÕES
Nesta terça-feira, 11 de março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou sua terceira estimativa para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas. A projeção para a soja ficou em 110,9 milhões de toneladas – número 2,3% superior ao divulgado em fevereiro, com crescimento de 2,5 milhões de toneladas. Já em relação ao milho primeira safra, a estimativa passou para 30,2 milhões de toneladas, com aumento de 1,4% em relação ao levantamento de fevereiro.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também divulgou uma nova estimativa esta semana. Em relação à soja, a expectativa é de incremento de 15,4% na produção, que deve chegar a 110,2 milhões de toneladas, com aumento de 14,7 milhões de toneladas em relação à safra anterior e ampliação de 1,4% na área, que deve alcançar 33,7 milhões de hectares.
Para o milho, a projeção é de uma safra de 91.5 milhões de toneladas (com 37,5% de aumento em relação a 2016), sendo 29,9 milhões de toneladas para a primeira safra e 61,6 milhões para a segunda. De acordo com a Conab, a área total do milho deve alcançar 17,1 milhões de hectares (aumento de 7,3% em relação a 2016).
Por fim, a estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta para uma safra de soja de 111 milhões contra 108 milhões de toneladas da estimativa do mês de março. Em relação ao milho, a safra será de 93,5 milhões contra 91.5 milhões de toneladas da estimativa do mês de março.
Por equipe SNA/RJ