Chicago em baixa pressiona preços da soja no Brasil
O mercado brasileiro de soja teve uma semana de poucos negócios e de preços mais baixos. Com o dólar perto da estabilidade, os contratos futuros em queda na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) pressionaram os preços domésticos.
A saca de 60 quilos recuou de R$ 62,00 para R$ 59,50 em Passo Fundo (RS), entre os dias 30 de março e 6 de abril. No mesmo período, o preço baixou de R$ 61,00 para R$ 59,50.
Em Rondonópolis (MT), o preço recuou de R$ 56,50 para R$ 54,50. Em Dourados (MS), a cotação passou de R$ 55,00 para R$ 52,50. Em Rio Verde (GO), a saca caiu de R$ 57,00 para R$ 54,00.
Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos para entrega em maio recuaram 2,23%, caindo de US$ 9,63 para US$ 9,41 ½/bushel. A ampla oferta mundial da oleaginosa e a expectativa de área recorde nos Estados Unidos pressionaram as cotações.
A área a ser plantada com soja nos Estados Unidos em 2017 deverá totalizar 89.5 milhões de acres, conforme o relatório de intenção de plantio do USDA. Se confirmada, esta será a maior área plantada da história daquele país, crescendo 7% sobre o ano anterior.
O número superou a expectativa do mercado, que era de 88.13 milhões de acres e também ficou acima do estimado pelo USDA em fevereiro durante o seu Fórum Anual, em 88 milhões de acres.
Produção
A produção brasileira de soja em 2016/17 deverá ficar em 111.512 milhões de toneladas, com aumento de 14,8% sobre a safra da temporada anterior, que ficou em 97,150 milhões de toneladas. A previsão faz parte do novo levantamento de Safras & Mercado.
Na comparação com o relatório anterior, houve uma elevação de 4,12%. Em fevereiro, a estimativa era de 107.095 milhões de toneladas. “Podemos considerar que estamos vendo uma safra brasileira perfeita, a exemplo do que foi a safra norte-americana em 2016”, disse o analista de Safras & Mercado, Luiz Fernando Roque.
Safras indica uma área plantada de 33.735 milhões de hectares, crescendo 1,7% sobre o total cultivado em 2015/16, de 33.015 milhões de hectares. A produtividade deverá passar de 2.943 quilos para 3.322 quilos por hectare.
A produção do Mato Grosso deverá passar de 27.558 milhões para 30.799 milhões de toneladas, com aumento de 11,8%. No Paraná, o aumento será de 15%, passando de 16.595 milhões para 19.083 milhões de toneladas. A safra gaúcha deverá totalizar 17.025 milhões de toneladas, com aumento de 4,3% sobre o ano anterior.
“As condições das lavouras foram e são excelentes em praticamente todos os estados produtores do país. O clima foi positivo ao longo de todo o desenvolvimento das lavouras, além de ter sido favorável para a antecipação do plantio e boa evolução dos trabalhos de plantio e colheita”, disse o analista.
As regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste estão colhendo as maiores produtividades já registradas. Nestas regiões, destaca-se a recuperação das produtividades do Paraná e Mato Grosso frente às perdas enfrentadas na safra passada. E o Paraná está registrando uma produtividade média estadual jamais vista no País. Santa Catarina e Rio Grande do Sul também registram produtividades recordes. Goiás e Minas Gerais colheram novamente uma safra cheia, com grandes produtividades.
O clima seco, que assustou o Norte e o Nordeste do País no último trimestre de 2016, deu lugar, em um momento-chave, a um clima positivo, com chuvas regulares e volumosas a partir do início de 2017, o que salvou a maior parte do potencial produtivo dos Estados. Assim, as lavouras destas regiões também se desenvolveram bem, com registro de produtividades muito satisfatórias.
“Tudo isso levou o Brasil a colher a maior safra de sua história. Uma safra cheia e recorde. Uma supersafra”, disse o analista.
Fonte: Dylan Della Pasqua/Agência Safras
Mercado de milho volta a apresentar queda nas cotações com colheita
O mercado brasileiro de milho manteve o quadro da semana anterior, de cotações pressionadas com a evolução da colheita nas regiões produtoras. A oferta vai crescendo e naturalmente os preços vão reagindo de forma negativa.
Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, os consumidores em geral permanecem com estoques bem posicionados. “Portanto, os volumes negociados são para preencher alguma necessidade mais urgente”, disse.
No balanço semana, em Campinas (CIF), o preço passou de R$ 31,00 para R$ 28,50 a saca. Na Mogiana Paulista, as cotações recuaram de R$ 28,00 a saca para R$ 26,00. No Paraná, o preço baixou de R$ 26,00 para R$ 25,00 a saca em Cascavel. Já no Rio Grande do Sul, a cotação em Erechim ficou estável em R$ 25,00.
Exportações
As exportações de milho do Brasil registraram uma receita de US$ 43 milhões em março (23 dias úteis), com média diária de US$ 1.9 milhão. A quantidade total de milho exportada pelo País foi de 243.000 toneladas, com média de 10.600 toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 177,00.
Na comparação com a média diária de fevereiro, houve uma retração de 61% no valor médio exportado, uma baixa de 61% na quantidade média diária e estabilidade no preço médio. Na comparação com março de 2016, houve perda de 87,8% no valor médio diário exportado, retração de 88,5% na quantidade média diária e valorização de 6% no preço médio. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços e foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.
Fonte: Lessandro Carvalho/Agência Safras
Indústria segue bem abastecida e trigo é pouco negociado em março
O mercado brasileiro de trigo vai encerrando a semana mantendo o cenário de baixa liquidez, com os moinhos bem abastecidos, além de um alongamento de estoques, devido a reduções pontuais do ritmo habitual de moagem. Segundo o analista de Safras & Mercado, Jonathan Pinheiro, outro fator de destaque segue sendo a dificuldade logística para a realização de novos negócios, visto que as atenções seguem voltadas ao escoamento da safra de verão, que tende a se arrastar por todo este mês.
“Quanto aos preços nacionais, o mercado segue apresentando cotações que não satisfazem nem produtores e nem indústria, mesmo estando abaixo do mínimo estipulado por lei”.
Segundo Pinheiro, isso ocorre devido a preços internacionais, pelas paridades de importação, mais atrativos, atraindo grande parte da demanda nacional, e elevando o volume de ingresso do produto externo no âmbito doméstico.
Entressafra gaúcha
No Rio Grande do Sul, com a cultura do trigo em entressafra, os agentes financeiros estão acolhendo propostas para custeio das lavouras. Os produtores começaram a se mobilizar e planejar o plantio da próxima safra, realizando análise de solo e providenciando demais documentos necessários para encaminhamento de novas propostas de custeio.
Em decorrência de problemas com a comercialização nas cooperativas, está ocorrendo a troca do produto comercial por sementes e insumos para o plantio da nova safra. Os produtores estão insatisfeitos por não conseguirem comercializar a safra, dado que os atuais preços estão 24,56% abaixo da média histórica. O valor liberado pelos agentes financeiros para o financiamento de um hectare é considerado insuficiente pelos produtores, variando entre R$ 1.058,00 e R$ 1.162,00, o que não cobre todos os custos da lavoura. Produtores estão liquidando os custeios da cultura da safra anterior junto aos agentes financeiros.
A tendência observada entre as regiões é de que a área da próxima safra deverá ser muito próxima da anterior, com pequena variação para mais ou para menos. A Emater/RS-Ascar já iniciou a pesquisa junto aos seus escritórios municipais para averiguar a intenção de plantio junto aos produtores. O primeiro levantamento deverá ser publicado no início de maio.
USDA
O USDA divulgará na próxima terça-feira (11 de abril), às 13h, seu relatório de oferta e demanda para o trigo na safra 2016/17. O documento deve trazer números atualizados relativos à produção e estoques dos Estados Unidos e do mundo.
Segundo analistas consultados por agências internacionais, os estoques finais dos Estados Unidos em 2016/17 devem ser de 1.152 bilhão de bushels, alta em relação aos 1.129 bilhão de bushels estimados no mês passado. As estimativas variaram de 1.125 a 1.2 bilhão de bushels.
Os estoques globais ao final de 2016/17 são estimados em 250.6 milhões de toneladas, pouco acima das 249.9 milhões de toneladas estimadas em fevereiro. O volume mínimo estimado foi de 249 e o máximo, 253 milhões de toneladas.
Fonte: Gabriel Nascimento/Agência Safras