As especulações sobre as condições climáticas para a nova safra de grãos dos Estados Unidos são cada vez maiores e muitas das informações já começam, inclusive, a divergir. O consenso entre a maior parte dos especialistas, porém, é de que, pelo menos por enquanto, as condições são favoráveis para o início efetivo dos trabalhos de campo no Corn Belt.
As notícias de um tempo seco na principal área de produção chegaram a circular nos últimos dias. Porém, ao mesmo tempo boas chuvas também foram registradas na região, que é a maior na produção de grãos do país. Segundo o analista da AgResource Brasil, Matheus Pereira, são precipitações que contribuem muito para o reestabelecimento da umidade do solo.
Abaixo, os mapas do portal internacional AgWeb mostram o acumulado das chuvas, primeiramente, nos últimos sete dias e, na sequência, o total neste mês até o último dia 5 de abril.
Os volumes são elevados (apresentados nos mapas em polegadas) e suficientes para indicar, também nos mapas da AgWeb, os bons níveis e umidade do solo na maior parte do Corn Belt. A primeira imagem indica os níveis do solo e a segunda os do subsolo.
Em entrevista ao site Agriculture.com, o meteorologista sênior do Accuweather, Dale Mohler, disse que “os EUA não estarão no pior cenário, mas com chuvas suficientes para serem até irritantes”, referindo-se às condições que os produtores deverão ter durante o período de plantio no Meio-Oeste americano e na região do Corn Belt.da segundo o meteorologista, até a segunda quinzena deste mês, próximo ao dia 20, as tempestades deverão ser distribuídas e frequentes, ao mesmo tempo em que as temperaturas podem ficar abaixo do normal. E essas chuvas, segundo Mohler, serão benéficas para alguns pontos dos EUA que precisam de umidade.
Monitor da Seca
O Drought Monitor (Monitor da Seca), ferramenta do departamento de clima do governo norte-americano, mostra neste momento algumas áreas identificadas como secas ou com seca severa. No entanto, na atualização dos mapas nesta quarta-feira, 6 de abril, mostrou um território menor nestas condições.
Segundo uma análise feita pela Labhoro Corretora, os mapas mostram que “é possível notar que houve uma forte melhora na umidade do solo”. Os destaques da empresa foram os índices normais no norte do Texas e normais ou levemente abaixo do normal no Kansas. Para Oklahoma, o estado passou a apresentar índice ligeiramente abaixo do normal, quando antes tinha seca moderada ou severa. No Missouri, os índices estão ligeiramente abaixo da média e até a semana anterior vinha com seca leve e moderada, e pontos até o início de uma seca severa.
Para o meteorologista do Accuweather, em dois meses, quando já haverá um percentual maior de áreas plantadas, esse território que ainda registra condições de seca deverá ser menor. “Somente mais tarde, no verão, é que pode voltar a se expandir um pouco mais”, disse. E assim, as chuvas das próximas semanas serão muito bem vindas nessas regiões.
Assim, a Labhoro volta a afirmar que também não crê, ao menos por agora, em problemas causados pelo excesso de chuvas atrapalhando o desenvolvimento do início do plantio. Em seu boletim, a corretora “volta a destacar que as áreas produtoras do Meio-Oeste americano, no geral, apresentam índices de hídricos do solo entre normais a ligeiramente abaixo do normal (Missouri e sul de Illinois) e qualquer preocupação com atraso no plantio por causa do excesso de umidade é infundada”.
Previsão
Para os próximos 10 dias são esperadas mais chuvas para o Meio-Oeste, porém, os modelos climáticos indicam uma diminuição dos acumulados nesse período, principalmente para Illinois e Indiana. “Qualquer indício de precipitação não deve ultrapassar de 20 mm para os dois estados”, informa a Labhoro. “Apenas o centro de Minnesota e áreas pontuais nas Dakotas e Texas que poderão receber acumulados entre 45 e 75 mm”.
Previsão de chuvas para os próximos 10 dias nos EUA
“O mercado já está voltando suas atenções para o clima nos Estados Unidos, estamos no período de pré-plantio, com o plantio acontecendo de forma mais ampla a partir de maio”, disse o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierez. “Hoje, o clima é favorável, temos umidade interessante no solo do Meio-Oeste americano, apontando um início de plantio bom”.
Agora, os acompanhamentos irão se focar no desenvolvimento dessas condições e, principalmente, na confirmação de um El Niño, o que poderia ser benéfico para a safra 2017/18. Ou, até mesmo se o La Niña ainda pode influenciar o clima no segundo semestre deste ano, quando estará acontecendo o enchimento de grãos na soja americana, por exemplo.
As principais agências climáticas dos Estados Unidos apontam para 60% de chance de incidência do El Niño para o segundo semestre deste ano. No entanto, o climatologista Luis Carlos Molion, em várias conversas com o Notícias Agrícolas, indicou que a tendência seria de formação de um La Niña – e ele mantém sua estimativa. “Todo mundo está apostando, mas eu estou na direção contrária”, disse.
Fonte: Notícias Agrícolas