O analista do setor de insumos da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro, avaliou na quarta-feira (5), que somente condições atípicas podem mudar o cenário positivo para o pecuarista e para os produtores de aves e suínos, no que se refere à compra de milho e soja este ano. A queda dos preços, principalmente do milho, deve minimizar, segundo ele, o cenário de baixas cotações para os produtores do setor de proteína animal por conta, principalmente, da queda da demanda.
“Somente algum problema climático, com impacto na produção, ou ainda o dólar favorável à exportação, fatores que são atípicos no atual momento, poderiam causar impacto nos preços desses insumos”, disse Ribeiro durante encontro de confinadores e recriadores da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto (SP). “Mesmo se esse cenário atípico ocorrer, os pecuaristas estão bem posicionados e não deixaram para a última hora para comprar”, disse.
Para o milho, o analista lembra que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma safra total de 88.97 milhões de toneladas em 2016/17, com alta de 33,7% sobre as 66.53 milhões de toneladas de 2015/16.
Com a perda de competitividade do milho brasileiro, as exportações despencaram e os estoques brasileiros devem somar 17.4 milhões de toneladas no final do período, mais que o dobro do total das oito milhões de toneladas de 2015/16 e o suficiente para suprir 30% da demanda interna de 56 milhões de toneladas. Nesse cenário, o preço da saca de 60 quilos do milho saiu de picos, entre março e abril do ano passado, de R$ 55, para abaixo de R$ 30 atualmente.
Na soja, segundo o analista, a tonelada do farelo saiu de R$ 1.700 para R$ 1.100 – baixa puxada pelo aumento da safra brasileira e americana e ainda pela desvalorização do dólar. “Com a queda desses insumos e uma baixa menor no valor da arroba, a relação de troca de milho e soja se tornou bastante favorável ao produtor”, disse Ribeiro.
Segundo cálculos da Scot Consultoria, o pecuarista precisava de 9,5 arrobas para comprar uma tonelada de farelo de soja no ano passado, e agora necessita de 7,5 a 8 arrobas. “No caso do milho, uma arroba no ano passado comprava três sacas e agora compra cinco”, disse.
Fonte: Globo Rural