O primeiro fungicida biológico para lavouras de cacau, o Tricovab, foi lançado nesta segunda-feira, 17, como produto comercial, em Itabuna (BA), pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), vinculada ao Ministério da Agricultura. O lançamento ocorreu durante o evento de comemoração ao Dia Internacional do Cacau e contou com a participação de autoridades e produtores, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura.
O Tricovab é uma das principais formas de combate à vassoura-de-bruxa, doença provocada por um fungo, grande responsável pela queda de produção de cacau no Brasil.
O Tricovab é um agente natural, desenvolvido em laboratório a partir da fermentação do fungo Trichoderma stromaticum, antagônico ao Moniliophtora perniciosa, que provoca a vassoura-de-bruxa. “O fungo é colonizado em grãos de arroz. Quando em contato com a água que será utilizada para a aplicação, o fungo é ativado e, nas plantas, se transforma no inimigo natural do Moniliophtora perniciosa, que causa a vassoura-de-bruxa”, disse o chefe do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), Adonias de Castro, em nota.
De acordo com o Ministério da Agricultura, nos testes em campo foram alcançados resultados de até 97% de eficácia contra o fungo em tecido morto. Em matéria viva, nos galhos e frutos do cacaueiro, a taxa é de aproximadamente 56%.
Inicialmente, o estoque atual a ser distribuído é de 10,24 toneladas do biofungicida aos produtores indicados pelos técnicos da Ceplac. Ao todo, o produto será utilizado em 640 propriedades (dois hectares por fazenda) em 30 municípios baianos. Será lançado um edital para a produção em escala industrial. A Bahia é a maior produtora de cacau do país, responsável por cerca de 70% da safra nacional.
O Tricovab foi testado há quase dez anos por técnicos da Ceplac, que monitoram 473,6 mil hectares infestados pela praga na Bahia. Do total, 150 mil hectares já estão sendo recuperados pela introdução de clones e manejo adequado do solo.
O Tricovab é um produto biológico, mas ainda não existem fungicidas químicos no mercado capazes de driblar o fungo da vassoura-de-bruxa. Conforme informou o Valor no ano passado, pesquisadores da Unicamp, em parceria com a empresa de defensivos Ihara, avaliam moléculas químicas na busca deste produto. As pesquisas sobre o fungo causador da doença começaram em 2000, quando foi formada uma rede de pesquisadores coordenada pelo professor do Laboratório de Genômica e Expressão da Unicamp, Gonçalo Guimarães Pereira. Em 2005 foi descoberto o mecanismo fundamental da doença e, em 2007, feito o primeiro de uma série de sequenciamentos do DNA do fungo.
Fonte: Valor Econômico