Dólar fecha em alta com preocupações fiscais após o governo alterar reforma da Previdência

O dólar comercial fechou em alta de 0,18%, cotado a R$ 3,0951 para compra e a R$ 3,0957 para venda, com máxima a R$ 3,1106 e mínima a R$ 3,0800, com o mercado reagindo à concessão feita pelo governo na reforma da Previdência, que alimentou preocupações de que possa prejudicar o ajuste fiscal do País.

O movimento de alta, no entanto, foi suavizado pelo fluxo pontual de venda e o recuo da moeda norte-americana no exterior.

“Ainda é um movimento tímido (do dólar)”, disse o diretor da mesa de câmbio da corretora Multi-Money, Durval Correa, acrescentando que, caso mais à frente haja desvirtuamento ainda maior da reforma da Previdência, o cenário pode ser de altas mais intensas da moeda norte-americana.

Na véspera, o presidente Michel Temer anunciou que somente os servidores públicos federais serão atingidos pelas mudanças previstas na reforma da Previdência, deixando de fora os servidores estaduais e municipais, na tentativa de facilitar a tramitação da reforma no Congresso.

Essa reforma é considerada pelo mercado como fundamental para o País colocar as contas públicas em ordem e, assim, engatar movimento de crescimento econômico sustentado.

O mercado também continuou monitorando os desdobramentos da operação Carne Fraca, que pode afetar a Balança Comercial brasileira, já que muitos países anunciaram a interrupção temporária de compras do produto brasileiro.

Nesta manhã, foi a vez da África do Sul, que suspendeu as importações de carnes de estabelecimentos com suspeita de envolvimento em fraudes no Brasil.

O avanço mais forte do dólar, entretanto, acabou atraindo um fluxo pontual de venda quando ultrapassou o patamar de R$ 3,10. O movimento de alta também foi parcialmente contido nesta sessão pelo mercado externo, onde o dólar caía em relação a algumas moedas de países emergentes, como o peso mexicano.

No mercado internacional, por volta das 17h43 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,08%, cotado aos 99,47 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,11%, cotado a US$ 1,0798.

O Banco Central brasileiro vendeu integralmente nesta sessão o lote de 10.000 contratos de swap tradicional ofertados para rolagem dos contratos de abril. Já foram realizados cinco leilões, que reduziram para US$ 7.211 bilhões o lote que vence no mês que vem.

IPCA-15 ameniza alta de juros futuros, pressionados por anúncio fiscal

O mercado futuro de taxas de juros chegou ao fim da tarde desta quarta-feira menos pressionado, mas os ruídos em torno do ajuste fiscal mantiveram a demanda por mais prêmio de risco, o que elevou os DIs negociados na BM&F.

À espera do anúncio do contingenciamento do Orçamento, previsto para esta tarde, o mercado avalia com cautela a decisão do governo de excluir servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência. Para o Itaú Unibanco, a decisão não altera o impacto calculado no resultado primário do governo federal, mas deixa dúvidas sobre que outras “diluições” podem ocorrer. “De todo modo, essas exceções afetam a universalidade da reforma”, disse Pedro Schneider, economista do banco responsável pela análise de política fiscal brasileira.

A Capital Economics chama a atenção para o fato de o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ter reiterado a necessidade de progresso do lado fiscal à luz da política monetária. “A situação continua fluindo, mas os mais recentes ruídos sugerem que o projeto [de reforma da Previdência] tem tido dificuldades de aceitação fora da comissão”, disse Neil Shearing, economista-chefe para mercados emergentes da consultoria.

O DI janeiro/2019, que reflete expectativas para a política monetária ao longo de 2017 e 2018, chegou a registrar a maior alta em mais de 1 mês, comparado à taxa de fechamento da véspera. Ao fim do pregão regular, às 16h, estava cotado a 9,520% ao ano, contra 9,480% no último ajuste e máxima de 9,580%. O DI janeiro/2018 indicava 9,960%, contra 9,955% no ajuste anterior. O DI janeiro/2021 subia para 9,980%, em relação a 9,920% do ajuste de ontem.

O contrato mais negociado nesta quarta-feira, porém, foi o DI julho/2017, que reflete as expectativas para as decisões do COPOM de abril e maio. Esse DI estava cotado a 11,115%, contra 11,125% no ajuste de ontem. O mercado manteve cerca de 80% de probabilidade de corte de 1% da Selic no próximo mês, com as expectativas respaldadas pelo IPCA-15 de março, que confirmou um quadro benigno para os preços.

O IPCA-15 desacelerou a alta em março para 0,15%, em relação a fevereiro, em linha com as expectativas. O HSBC disse que o número endossa previsão do banco de corte de 1 ponto do juro básico no próximo mês, conforme as expectativas de inflação devem continuar ancoradas. A XP Investimentos, que também estima redução de 1% da Selic em abril, afirma que os dados de inflação deverão ter ajuda extra do calendário, já que sazonalmente a inflação tende a se comportar melhor na metade do ano.

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