Em fevereiro, os preços mundiais do arroz estiveram ligeiramente mais firmes, exceto na Tailândia, onde cederam novamente.
O governo tailandês continua oferecendo importantes volumes das suas reservas de arroz acumuladas desde 2011. A demanda de importação se mostra mais ativa, sobretudo no Oriente Médio e na África subsaariana. As exportações asiáticas e estadunidenses avançam em bom ritmo.
Esta tendência deve prosseguir durante o primeiro semestre do ano, e a estimativa é de que o comércio mundial em 2017 possa aumentar 3,6%. Já a produção mundial havia melhorado apenas 1,2% em 2016, mas isto é promissório, se for considerada a estagnação dos últimos quatro anos.
Em fevereiro, o índice Osiriz/InfoArroz (Ipo) subiu 1,9 pontos para 182,1 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 180,2 pontos em janeiro. No início de março, o índice Ipo se mantinha firme em torno de 184 pontos.
Produção e comércio mundiais
Segundo a FAO, a produção mundial em 2016 aumentou 1,2% para 749 milhões de toneladas de arroz em casca (497.8 milhões de toneladas de arroz beneficiado) contra 740 milhões de toneladas do ano anterior. Este aumento se deve principalmente ao incremento das áreas semeadas, as quais foram beneficiadas por condições climáticas normais com chuvas abundantes, especialmente no sul da Ásia.
Por outro lado, no sudeste asiático e nas regiões orientais, os resultados foram fracos, principalmente na Indonésia, Vietnã e China. Na África, as colheitas foram boas em quase todo o continente, exceto nas regiões austrais onde as culturas enfrentaram dificuldades por causa da seca provocada pelo El Niño.
Esta anomalia climática também afetou a produção na América Latina e no Caribe. No Mercosul, onde a colheita está em curso, apesar de alguns atrasos observados por causa da chuva, a produção deve aumentar 7%. Na América do Norte, a produção se recuperou de forma significativa, graças ao incremento das áreas arrozeiras e melhores rendimentos.
Em 2016, o comércio mundial caiu 7% para 41.6 milhões de toneladas. Trata-se do volume mais baixo dos últimos cinco anos, devido à redução da demanda asiática e ao pouco crescimento da demanda africana. Pelo lado da oferta, todos os exportadores foram afetados pela redução do comércio mundial, salvo a Tailândia e o Paquistão, que mantêm suas vendas relativamente estáveis.
Segundo as últimas previsões, o comércio mundial em 2017 pode subir 3,6%, ultrapassando 43 milhões de toneladas. Ainda assim, este nível seria inferior ao recorde de 45.6 milhões de toneladas em 2014.
Os estoques mundiais de arroz terminando em 2016 baixaram 2% para 171.2 milhões de toneladas. Esta contração afetou principalmente a Índia e a Tailândia, onde as reservas públicas continuam baixando. Em 2017, os estoques mundiais podem se manter estáveis, mas ainda a um nível confortável, equivalente a um terço do consumo mundial.
Atualidade do mercado mundial
Na Tailândia, os preços do arroz baixaram novamente 1%, salvo nas categorias de baixa qualidade, as quais avançam graças à reativação da demanda africana. O governo continua oferecendo arroz a partir de estoques públicos, dos quais uma parte significativa seria destinada às rações animais e à produção de etanol. Em fevereiro, as
exportações ultrapassaram 1 milhão de toneladas contra 830 mil toneladas em janeiro.
No total, as exportações tailandesas aumentaram 1% em 2016, atingindo 9.88 milhões de toneladas contra 9.8 milhões de toneladas no ano anterior. Em fevereiro, o Tai 100%B baixou para US$ 365/ton. Fob contra US$ 372 em janeiro. O Tai parboilizado também cedeu para US$ 369 contra US$ 372. Em troca, o arroz quebrado A1 Super se manteve firme a US$ 330 contra US$ 326. No início de março, os preços começavam a subir devido aos embarques de arroz para a China, e às perspectivas de novos contratos no Oriente Médio.
No Vietnã, os preços externos aumentaram 3,5% em um mês. O mercado de exportação se mostrou bastante ativo com 475 mil toneladas exportadas contra 337 mil toneladas em janeiro. Porém, as exportações acumuladas já acusam um atraso de 12% em relação a 2016 na mesma época; as vendas para a China seriam as mais afetadas.
Em 2017, as previsões indicam uma nova contração das exportações. Em fevereiro, o Viet 5% se mostrou firme em US$ 349 a tonelada contra US$ 337 do mês anterior. O Viet 25% também subiu para US$ 336 contra US$ 325. No início de março, os preços se mostravam mais firmes.
Na Índia, os preços do arroz de qualidade superior aumentaram 2,5%, influenciados pela firmeza dos preços do arroz basmati. Por outro lado, os arrozes de baixa qualidade baixaram 2% devido à forte competição nesta categoria. Em 2017, as exportações podem baixar por causa de uma contração das disponibilidades de arroz basmati. Não obstante, as perspectivas de produção são otimistas com um possível incremento de 4% em relação a 2016.
Em fevereiro, o arroz indiano 5% foi cotado a US$ 370 a tonelada contra US$ 361,00 em janeiro. Já o arroz indiano 25% baixou para US$ 333 contra US$ 340 no período anterior. No início de março, os preços tendiam a subir.
No Paquistão, os preços de exportação se mantiveram relativamente estáveis, em comparação às fortes variações de preços observadas durante os últimos meses. Apesar de um ritmo satisfatório durante o último trimestre de 2016, as exportações paquistanesas podem melhorar de forma bem leve em 2017. As autoridades estão implementando novas iniciativas comerciais no Sudeste Asiático, especialmente na Indonésia.
Em fevereiro, o Pak 5% foi cotado a US$ 388 a tonelada contra US$ 386 em janeiro. No início de março, os preços tendiam a baixar, marcando em torno de US$ 380. Nos Estados Unidos, os preços de exportação se revalorizaram 2% em fevereiro, após três meses sucessivos de contração.
As exportações progridem a um ritmo satisfatório. Para os dois primeiros meses do ano, as vendas externas marcam um avanço de 45% em relação a 2016 na mesma época. Entre seus principais clientes, México, Turquia e Venezuela formam, por ora, a “comissão de frente”. O México, principal destino do arroz estadunidense, pode, no futuro, diversificar seus abastecimentos.
A Argentina já está enviando arroz para lá, e o Brasil espera também abrir mercados no México. Mas problemas tarifários podem limitar as vendas. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 foi cotado a US$ 453 a tonelada contra US$ 444 em janeiro. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz em casca cederam 2,6% na média mensal, para US$ 210 a tonelada contra US$ 216 em janeiro.
No início de março, os preços futuros se mantinham em torno de US$ 211 a tonelada. No Mercosul, os preços externos subiram 1%, mas devem começar a ceder à medida que a nova colheita chegar ao mercado. Os excedentes exportáveis devem ser maiores este ano, graças ao incremento da produção regional, de 7% em relação a 2016, mas ainda abaixo do nível recorde de 2014/2015.
No Brasil, as exportações começaram bem o ano, em comparação a dezembro de 2016, porém, marcando um atraso de 17% em relação ao ano passado, na mesma época. Em fevereiro, o preço indicativo do arroz em casca brasileiro subiu de 1,4%, devido a uma valorização do real, para US$ 315 a tonelada, contra US$ 311 em janeiro. No início de março, o preço do arroz em casca tendia a baixar para US$ 280.
Na África subsaariana, a produção local continua melhorando, especialmente na África ocidental, graças a uma extensão das áreas arrozeiras e a uma boa pluviometria. Mas apesar deste incremento, as importações seguem subindo, a um ritmo de 2% em 2016. Não obstante, o nível de importação foi um dos mais baixos dos últimos cinco anos. A demanda de importação dos principais importadores foi menor, sobretudo na Nigéria, Costa do Marfim e Senegal. Em 2017, as primeiras projeções indicam, por ora, um leve incremento de 1,5%.
Fonte: InfoArroz