O clima continua beneficiando a maior parte da região produtora de soja do Brasil nesta temporada 2016/17. A safra vem se concluindo bem, com boas médias de produtividade nas primeiras colheitas, e os produtores continuam a driblar as pancadas de chuvas que ocorrem em diversas áreas. Segundo informações da Climatempo, as precipitações ainda serão frequentes em Rondônia, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará e em toda a região do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
“As pancadas irregulares de chuva vão permitir que a colheita da soja avançasse em todas as regiões produtoras, mas como os solos estão bastante encharcados, os trabalhos de plantio não estão avançando em muitas propriedades”, informa a Climatempo. Outra reclamação é em relação às pulverizações. Com essa dificuldade, a proliferação de pragas e doenças acaba sendo maior.
Segundo Marcílio Marangoni, engenheiro agrônomo de Darcinópolis, no Tocantins, essas chuvas recentes permitiram uma boa recuperação das lavouras da região, após um período de até 24 dias de tempo seco. Algumas áreas plantadas mais cedo já começam a ser colhidas, mas ainda não é possível falar em média de produtividade para o estado.
As precipitações dos próximos dias, portanto, serão ainda importantes para a conclusão das demais lavouras, especialmente nessa fase de enchimento de grãos. “Porém, onde a colheita já acontece, esse excesso de chuvas pode ser ruim e já preocupa”, disse Marangoni.
No entanto, o que mais preocupa os produtores do Tocantins neste momento é a maior incidência de pragas em função das condições de clima favoráveis para a proliferação, principalmente da mosca branca. “Com essas chuvas e o calor, a população de mosca branca aumentou muito e os produtores precisariam aumentar as aplicações para conter isso”, disse o engenheiro.
Ainda não há uma avaliação dos impactos sobre a produtividade, já que a colheita ainda não começou efetivamente no estado, porém, com essa incidência acima do normal, alguma perda poderá ser registrada.
Até o próximo dia 11 de fevereiro, sábado, o acumulado esperado para o Tocantins pode chegar a até 100 mm em alguns pontos, e o mesmo padrão pode ser registrado até dia 16, segundo informação da Climatempo.
Para o Maranhão e o Piauí, os acumulados previstos também são elevados até a próxima semana. Segundo José Carlos Oliveira de Paula, presidente da Aprosoja Maranhão, no estado as lavouras se recuperam muito bem desde o último período de seca, com produtividade média esperada para algo entre 42 e 45 sacas por hectare. Na safra anterior, com a quebra causada pela estiagem, a média foi de apenas 22 sacas.
“Nas áreas que foram plantadas mais cedo, entre final de outubro e começo de novembro, há algo próximo de 20% de perda, já que essas lavouras ficaram de 15 a 21 sem chuvas e sob muito calor. E nas demais áreas, as chuvas chegaram, o calor está mais ameno, não temos aquele sol forte, e tudo está dentro da normalidade”, disse José Carlos, acrescentando que a incidência de pragas e doenças também está controlada.
Nesta safra, a maior preocupação dos produtores maranhenses está relacionada às dificuldades logísticas. A situação das rodovias é ruim no estado e os fretes, também pela alta do diesel, estão bem mais caros no interior, variando entre R$ 100 e R$ 120 por tonelada – dependendo de cada região – do interior aos portos.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, as chuvas também estão chegando, porém, de forma um pouco mais limitada, e em algumas regiões as lavouras já pedem mais chuvas, segundo o produtor rural e presidente do Clube Amigos da Terra de Tupanciretã, Almir Rebelo.
“Aqui tudo está dentro da normalidade. As lavouras se estabeleceram muito bem, estão bonitas, mas fevereiro é o mês determinante para a safra, já que é o período de enchimento de grãos e precisamos de chuvas”, disse o produtor. Em alguns pontos do estado os níveis de umidade do solo estão baixos.
No entanto, as previsões começam a indicar a predominância de um tempo mais seco, segundo a Somar Meteorologia, na região Sul do Brasil, “especialmente no Rio Grande do Sul, sul e oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná, enquanto que as pancadas isoladas são esperadas apenas para o leste paranaense e catarinense, devido aos ventos que sopram do litoral contra a costa”.
Assim, até o final da semana, “o que vai predominar na região é o tempo seco e chuvas mal distribuídas”, disse a meteorologista Graziella Gonçalves da Somar.
Fonte: Notícias Agrícolas