O Índice de Preços ao Produtor (IPP) atingiu em abril o maior nível em quatro meses ao subir 0,35 por cento, com a primeira alta mensal dos alimentos este ano, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
A leitura é a maior desde o avanço de 0,41 por cento vista em dezembro, levando os preços ao produtor acumularem alta de 5,48 por cento nos 12 meses encerrados em abril.
O IBGE revisou o dado de março para avanço de 0,04 por cento em março, depois de anunciar 0,03 por cento.
Para o economista do IBGE Cristiano Santos, o índice está passando por um ajuste depois das fortes quedas de alimentos por conta da safra no início do ano.
“Não diria que há um fenômeno de alta inflacionário no IPP. Há possibilidade de essa influência da safra passar e acredito que o efeito ficou concentrado no começo do ano”, disse Santos. “Os fatores para amortecer o IPP começam a se esgotar.”
Apesar de ter sido a menor alta de toda a série, segundo o IBGE, a volta dos alimentos para o território positivo tirou do IPP um fator de alívio importante.
Em março, quando caíram 1,22 por cento, os alimentos tiveram uma influência negativa de 0,24 ponto percentual. Já em abril eles subiram 0,16 por cento, com uma influência positiva de 0,03 ponto. No ano, os alimentos acumulam queda de 5,08 por cento, mas nos 12 meses encerrados em abril registraram alta de 5,82 por cento.
Farmacêutica e metalurgia
Segundo o IBGE, em abril, 18 das 23 atividades pesquisadas apresentaram alta de preços na comparação com o mês anterior, com destaque para farmacêutica (1,95 por cento), borracha e plástico (1,43 por cento), papel e celulose (1,31 por cento) e têxtil (1,29 por cento). Em março, foram 14 as atividades cujos preços subiram.
Já as maiores influências positivas sobre o indicador em abril vieram de metalurgia (0,07 ponto percentual), borracha e plástico (0,05 ponto), máquinas e equipamentos (0,05 ponto). No campo negativo, o destaque ficou com outros produtos químicos (-0,09 ponto percentual).
No acumulado dos últimos 12 meses, por sua vez, as maiores variações foram registradas em fumo (11,60 por cento), bebidas (9,89 por cento), borracha e plástico (9,18 por cento) e outros produtos químicos (9,11 por cento).
As principais influências vieram de alimentos (1,11 ponto percentual), outros produtos químicos (0,98 ponto), refino de petróleo e produtos de álcool (0,92 ponto) e borracha e plástico (0,34 ponto).
O IPP mede os preços “na porta das fábricas” e não inclui os custos com frete e impostos que influenciam os preços ao consumidor, que ainda estão em níveis bastante elevados.
Apesar de o IPCA-15 ter mostrado desaceleração da alta em maio a 0,46 por cento, o acumulado em 12 meses chegou a 6,46 por centro, muito perto do teto da meta, de 4,5 por cento mais 2 pontos de tolerância.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC volta a se reunir nesta terça e quarta-feiras para definir o próximo passo da política monetária depois de ter dado início em abril a um ciclo de aperto, com elevação da Selic em 0,25 ponto percentual, a 7,50 por cento.
Pesquisa da Reuters apontou que 26 de 50 bancos e consultorias esperam que o BC suba a Selic em 0,50 ponto percentual, para 8 por cento. O restante espera aumento de 0,25 ponto, para 7,75 por cento.
A reunião do Copom acontece horas depois de o IBGE divulgar os dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do primeiro trimestre. A expectativa é de crescimento de 0,9 por cento sobre o quarto trimestre, maior alta desde o fim de 2010, segundo outra pesquisa da Reuters.
Fonte: Reuters