As exportações de café verde do Brasil, maior produtor e exportador global, deverão ficar estáveis este ano ante 2016, estimou nesta quarta-feira o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), avaliando que ainda não está claro se a colheita de 2017, de baixa do ciclo do arábica, será tão ruim quanto estimam alguns.
As exportações em 2016 atingiram 30.15 milhões de sacas de 60 kg, queda de 9,8% em relação a 2015, com uma menor oferta do grão do tipo robusta impactando negativamente as vendas externas do País, informou o Cecafé nesta quarta-feira.
Para 2017, ano de produção menor do arábica após uma safra recorde em 2016, o cenário produtivo ainda está indefinido.
“Eu não tenho certeza se o ciclo de baixa realmente será tão intenso a ponto de impactar as exportações”, disse o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes, em entrevista a jornalistas.
Na terça-feira, a exportadora Terra Forte estimou a safra de café 2017/18 do Brasil em 48.055 milhões de sacas, queda de 11,7% na comparação com a temporada anterior, com uma menor produção de grãos do tipo arábica devido à bienalidade negativa da cultura e também uma menor produção de robusta.
Os embarques de café do tipo arábica somaram 29.57 milhões de sacas em 2016, alta de 1,2% em relação a 2015, enquanto as exportações do grão robusta atingiram 580.300 sacas, queda de 86,2% em relação ao ano anterior, com a seca afetando as safras de importantes Estados produtores da variedade, como o Espírito Santo.
Em dezembro, a exportação de café verde do Brasil atingiu 2.75 milhões de sacas, queda de 6,3% em relação ao mesmo mês de 2015, com os embarques de arábica recuando 3% e os de robusta despencando 90% na mesma comparação.
“É inquestionável que houve quebra na safra de robusta. Mas o preço interno subiu muito, e não ficamos competitivos lá fora também. Então não é só oferta, é questão de competitividade de preços também”, afirmou Carvalhaes, sobre a queda na exportação de robusta.
Carvalhaes disse ainda que, com essa quebra de safra, os estoques foram se exaurindo.
Questionado sobre pedidos da indústria brasileira para liberar a importação de café verde, diante da baixa oferta, ele disse que a posição do Cecafé é “pelo livre mercado”.
“Achamos que importações, se houverem, têm que haver regras claras”, disse ele, ressaltando que os números mostram que a indústria de solúvel soube lidar com o aperto de oferta de robusta.
Com a quebra de safra de robusta, houve uma situação de mercado por alguns meses de preços atipicamente mais altos para o robusta em relação ao arábica.
Fonte: Reuters