Investidor com interesse no Brasil pode comandar agricultura dos EUA

Os produtores rurais dos Estados Unidos estão perdendo a paciência com Donald Trump, o presidente eleito que deverá assumir a presidência em 20 de janeiro.

Durante a campanha, Trump esteve próximo do eleitorado rural, inclusive com a nomeação de participantes do setor no comitê estratégico do candidato. A estratégia deu certo, e a grande maioria do meio-oeste norte-americano, a principal área produtiva agrícola do país, deu apoio ao candidato republicano.

A caminho do final de ano, e a poucas semanas da posse, Trump ainda não definiu quem será o nome que vai comandar o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA, espécie de Ministério da Agricultura). Praticamente todos os demais ministérios já contam com seus futuros ocupantes definidos.

Já vieram sinais de todos os lados para a indicação do posto de secretário agrícola no USDA. Muitos deles, no entanto, preocupam os produtores, que querem alguém do setor e que tenha visão dos problemas a serem enfrentados nos próximos anos. Os produtores estão vendo um leque de possíveis indicados para assumir o comando do USDA, que vão de representantes hispânicos, mulheres, democratas a grandes investidores, inclusive um deles com interesses no Brasil.

É o que ocorre com Bruce Rastetter, um dos mais recentes nomes a entrar na lista top de Trump. Presidente da Summit Agricultural Group, uma companhia com investimentos em Lucas do Rio Verde, no Estado de Mato Grosso, Rastetter é investidor nos setores de carnes e de energia renovável, principalmente etanol de milho. Na avaliação da empresa que Rastetter dirige, o Brasil é um local atraente e desejável para investimentos.

Política externa

A própria definição que o novo presidente dos EUA dará à política externa do país já preocupa o setor, que depende de exportações.

Este será um período difícil para o agronegócio mundial, devido à já consumada recomposição dos estoques de produtos e à consequente queda dos preços das commodities. Os Estados Unidos, diferentemente de outros participantes desse mercado, não têm o benefício de um dólar valorizado, como o Brasil. Ao contrário, a alta da moeda norte-americana torna os produtos dos EUA menos competitivos.

Um eventual embate do novo presidente norte-americano com grandes compradores de produtos agrícolas, como a China (segunda maior economia global), seria um entrave para o setor. Uma possível indicação mais política do que técnica enerva os produtores. Afinal, quem sentar na cadeira do USDA terá um orçamento de US$ 155 bilhões nas mãos.

As exportações agropecuárias do país deverão render US$ 130 bilhões neste ano, mas já atingiram o recorde de US$ 152 bilhões em 2014. O valor de produção do setor, que chegou ao recorde de US$ 471 bilhões em 2014, deverá ser de US$ 401 bilhões neste ano.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

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