Exportações evitam tombo do Valor Bruto da Produção agropecuária

O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária brasileira em 2016 deve ser menor que no ano passado. A se confirmar, serão R$ 10 bilhões a menos. Em porcentual, um ligeiro recuo de 1,8%, de R$ 533.1 bilhões para R$ 523.6 bilhões. Ainda assim, será o segundo maior faturamento desde o início da série histórica iniciada em 1990. Em tese, um resultado que sofreu impacto do clima. A seca afetou a produção. Na prática, porém, o conjunto de variáveis é maior. De certa forma, os números revelam que o agronegócio não está imune à crise política e econômica que atinge mais duramente o país desde 2014 e que teve efeitos perversos em 2015 e 2016.

A queda no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, a inflação e a renda menor, que afetam os custos de produção, no ambiente interno do agronegócio, também colaboram para um desempenho mais limitado no campo. O menor preço pago ao produtor em alguns dos produtos pesquisados, pressionado pelas cotações no mercado internacional ou pelo ambiente desfavorável no cenário doméstico, tem impacto direto no índice. Para entender, o VBP nada mais é que o valor pago pela produção primária. É o valor recebido pelo produtor de soja ou de carne, por exemplo, antes da transformação do produto.

Apurado pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o VBP aponta uma participação de R$ 340.6 bilhões da agricultura e R$ 183 bilhões da pecuária. O valor é puxado pela soja, o grande ativo do agronegócio brasileiro, com R$ 116.3 bilhões, e pelo boi, com R$ 71.8 bilhões. Nos dois casos, o Brasil também é o maior exportador mundial desses produtos. Em seguida vêm a cana-de-açúcar e o milho na base da agricultura, com R$ 52.8 bilhões e R$ 41.4 bilhões. O frango e o leite no grupo da pecuária, com R$ 73.8 bilhões e R$ 26.9 bilhões. O país também é o maior exportador de carne de frango do mundo.

Destaque para a soja…

Em uma análise de cinco anos, é possível verificar um incremento no VBP da soja bem acima de qualquer um dos produtos pesquisados. De R$ 87.2 bilhões em 2012 para o dado apurado em 2016, o valor bruto da oleaginosa cresceu incríveis R$ 30 bilhões, enquanto que a cana-de-açúcar encolheu R$ 6 bilhões e o milho manteve-se estável, na casa dos R$ 41 bilhões. A explicação estaria na liquidez da soja, um produto tipo exportação. Atualmente, mais de 60% da soja brasileira é embarcada como grão. Ou seja, a produção e por consequência o VBP desse produto crescem alavancados no mercado internacional.

…e para o frango

Nas carnes, o destaque fica com o frango, que no período teve um incremento de 25%, seguido pelo boi, com variação de 19% nos últimos cinco anos, quando o valor apurado foi de R$ 46.5 bilhões e R$ 60.1 bilhões. Assim como na soja, um desempenho no campo que tem muito a ver com o comércio internacional. O Brasil também é o maior exportador de carne de frango e de boi. Ainda no bloco das carnes, vem o suíno, que, apesar de uma aparente estabilidade – permanece estacionado na casa dos R$ 14 bilhões –, tem potencial de reação. Neste ano, as exportações do setor estão crescendo acima de 30% em volume e 14% em receita.

Para 2017, a primeira estimativa do VBP é de 5,5%, totalizando R$ 552.56 bilhões. A previsão considera a melhora das condições climáticas e da consequente produtividade, com maior volume de produção.

 

Fonte: Gazeta do Povo

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