Trigo: preocupação excessiva com preço mínimo ofusca ganho com produtividade

“Os triticultores brasileiros e seus representantes estão excessivamente preocupados com o Preço Mínimo e estão deixando de fazer algumas contas importantes, principalmente de ver o lucro que já está embutido nos preços que estão atualmente no mercado, apesar de estarem abaixo do preço de garantia do governo e abaixo até dos preços do ano passado na mesma época”. A avaliação é do analista sênior da consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco.

Segundo o especialista, as grandes chuvas que ocorreram sobre as lavouras nesta safra provocaram rendimentos muito acima da média, chegando a produtividades entre 70 e 90 sacas/hectare em todos os estados da Região Sul. Ele ressalta que o trigo é de muito boa qualidade, com PH (peso hectolítrico) mínimo de 78 até 80 na maioria dos locais. “Não se tem notícias de produção de trigo forrageiro nesta temporada. Tudo é matéria prima utilizável pelos moinhos”.

A consultoria Trigo & Farinhas fez uma pesquisa em cada uma das principais regiões dos dois maiores estados produtores na penúltima semana de novembro. O levantamento partiu de preços médios pagos aos produtores de R$ 31,00/saca e um custo variável de R$ 1.350/hectare (calculado por diversos cerealistas), e tomou como base produtividades entre 56 sacas/hectare (Missões), 60 sacas/ha na região Central e 62 sacas/ha na Serra (bem menor do que as médias anunciadas acima, portanto).

A conclusão da pesquisa é que, no Rio Grande do Sul, os triticultores estão tendo lucro de R$ 386/hectare na região das Missões, R$ 510/hectare na região Central e R$ 572/hectare na região da Serra. Quem colheu mais do que isto já tem lucro maior ainda.

No Paraná, que colheu mais cedo e não teve o benefício das chuvas como o RS, foram tomadas produtividades a partir de relatórios oficiais do Deral, que registram 46 sacas/ha no norte, 47 sacas/ha na região centro-oeste, 51 sacas/ha no sudoeste e 56 nas regiões sul e oeste. No momento, foi utilizado como referência o preço médio pago aos agricultores de R$ 35/ha. Em setembro/início de outubro, quando começou a colheita, o valor era de R$ 38. O custo variável de R$ 1.875/hectare foi também obtido com o Deral.

Por estes critérios, os triticultores do norte do estado teriam um prejuízo de R$ 265/ha, os do centro-oeste de R$ 230/ha e os do sudoeste de R$ 90/ha. Mas os do oeste e do sul do estado teriam um lucro de R$ 85/ha. Ocorre que, como as produtividades estão sendo cerca de 25% maiores (mínimo de 70 sacas/ha) do que as médias que enunciamos acima, todos estão tendo lucros. “É óbvio que, se o governo pingar mais um dinheiro na conta para honrar o Preço Mínimo, ele será bem-vindo, mas, nessa safra, o que não estamos tendo é prejuízo com o trigo”, conclui o analista Luiz Pacheco.

 

Fonte: Agrolink

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