As vendas antecipadas de soja no Brasil avançaram pouco nos dois últimos meses, de acordo com os dados divulgados hoje pela consultoria Safras & Mercado. Os índices refletiram a retração dos produtores da oleaginosa em um momento de baixas cotações, foco nos trabalhos de plantio e expectativas com oscilações futuras.
A comercialização da safra de soja 2016/17, que será colhida a partir do primeiro trimestre do ano que vem, havia atingido, até 4 de novembro, 25% do volume total esperado. No levantamento até 9 de setembro, o percentual era de 20%. Segundo a Safras, a média histórica para o início de novembro é de 30%. Em 4 de novembro de 2015 (última safra) havia alcançado 41%. “Levando-se em conta uma safra estimada em 103.477 milhões de toneladas, o total de soja já negociado é de 26.130 milhões de toneladas”, indicou a consultoria.
“Vendedores não têm intenção de negociar o grão no atual patamar de preço. Sojicultores, por sua vez, seguem atentos ao cultivo da safra 2016/17, sem interesse em fixar preços para o produto desta nova temporada. Do lado da demanda, agentes de indústria e também exportadores não estão ativos nas compras”, disse o centro de pesquisa ligado à Universidade de São Paulo.
Os preços da soja no mercado à vista, que reflete negócios com grão disponível no porto de Paranaguá, acumulam perdas de mais de 20% desde um pico em meados de junho, também segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa. Nas últimas semanas, uma leve alta nos preços da soja na bolsa de Chicago foi ofuscada por uma desvalorização do real, o que deprimiu o preço da soja no mercado doméstico.
Em entrevista recente à Reuters, o presidente da trading e esmagadora de soja Algar Agro estimou que os negócios de venda de soja da nova safra do Brasil deverão seguir bastante travados pelos próximos meses e evoluir apenas quando a colheita começar, devido à retração dos vendedores e compradores.
Fonte: Reuters