Mesmo que os Estados Unidos lotem todos os seus silos, ainda faltaria espaço para armazenar a super-safra que o país está colhendo em 2016. A estimativa é de que a produção atinja, aproximadamente, 500 milhões de toneladas, contando somente soja e milho. Se os estoques acumulados do último ano forem postos na balança, vai faltar armazém para tanto grão, algo que os norte-americanos não veem desde a década de 1980.
A estimativa mais recente do USDA foi divulgada em setembro e apontava estoques de 118.3 milhões de toneladas, incluindo o trigo. A capacidade de armazenagem total está em torno de 615 milhões de toneladas.
Para Shannon Textor, porta-voz do Iowa Corn, instituição que representa os produtores de milho do estado, o país não deve ter grandes problemas para estocar a produção recorde. “Os nossos agricultores investiram em infraestrutura nos últimos anos, quando os preços estavam bons”, disse.
Mas, na medida em que a safra avança, os produtores já se organizam. Ao mesmo tempo em que a colheita alcança 61% para o milho e 76% para a soja, não é raro encontrar o cereal em silos improvisados, na beira da estrada. Algo ainda mais comum no Corn Belt, onde os silos estão mais pressionados, como verificou a Expedição Safra em praticamente todos os estados pelos quais passou durante mais de uma semana (Winsconsin, Illinois, Minnesota, Iowa e Indiana). Segundo o USDA, a região responde por 51,6% da produção do país, mas possuí “apenas” 44,5% do potencial total de armazenamento, forçando os produtores a despejar o milho onde dá.
Segundo o economista Fred Seamon, da Bolsa de Chicago, esse tipo de estoque não chega a ser incomum, mas, neste ano, fica mais perceptível. “O milho tem uma durabilidade maior, pode ser estocado no chão por um longo período de tempo sem perder a qualidade”, disse. “Mas é algo temporário, os produtores estão mantendo as instalações livres para outras commodities [mais sensíveis ao tempo], como a soja”. Ainda assim, a posição dos norte-americanos é relativamente confortável, já que a super-safra teria onde ficar e a demanda segue aquecida.
EUA x Brasil
Outro diferencial dos norte-americanos é que, além de numerosos, os silos estão localizados próximos das fazendas, o que diminui custos. Para fins de comparação, no Brasil, a capacidade total de armazenagem não chega 80% da safra prevista para 2016/2017, ficando na casa das 165 milhões de toneladas. Além disso, há o gasto com transporte – ou “estocar o frete”, já que os silos geralmente ficam mais afastados, perto dos portos.
Fonte: Gazeta do Povo