Uma rede de inovação em agricultura, com o objetivo de promover o desenvolvimento de ideias que tragam soluções para os principais desafios dos produtores rurais, acaba de ser criada pela Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Durante coletiva de imprensa nesta terça-feira, 25 de outubro, em São Paulo, executivos das três instituições apresentaram em primeira mão o projeto Agrihub, que pretende conectar o homem do campo ao mundo das empresas de tecnologia voltadas para o setor agropecuário. O lançamento oficial será realizado em Cuiabá (MT), na próxima quinta-feira (27).
Além da presença de produtores rurais, investidores, empreendedores, autoridades e representantes do mercado, haverá um encontro entre seis startups e aceleradoras brasileiras, já previamente selecionadas: Agronow, Agrosmart, AgVali, Bart Digital, InCeres e Promip.
“O AgriHub tem como principal objetivo resolver os problemas do campo por meio de uma rede de inovação agrícola, conectando produtores, startups, mentores e empresas, além de pesquisadores e investidores, de forma a criar um ecossistema de inovação no agronegócio, por intermédio da adequação de soluções tecnológicas de empresas do agro”, explica o presidente do Sistema Senar/Famato, Rui Prado.
De acordo com ele, a necessidade de tecnologia no campo é uma realidade para aqueles que vivem de atividades rurais: “Como produtor, percebo que a cada dia a gente precisa ser melhor naquilo que faz. E o uso da tecnologia é um dos meios que podem nos ajudar a conseguir maior produtividade, com qualidade e de uma forma sustentável”.
Com o projeto do AgriHub, continua Prado, “pretendemos aproximar o produtor rural de tecnologias específicas para o campo”.
PRODUTIVIDADE E CUSTO
Conforme o presidente da Famato/Senar-MT, os percentuais de aumento nos índices de produtividade e custos de produção são bem diferentes e isto, em curto prazo, pode comprometer gravemente a rentabilidade do produtor.
“Com esta nova ferramenta, os produtores rurais poderão encontrar, em um só lugar, soluções para reduzir os custos de produção, aumentar a produtividade, agregar valor ao que é produzido, facilitar o escoamento e a comercialização, simplificar o financiamento agrícola e melhorar as condições do seguro rural”, destaca.
Para dar ênfase à importância desta iniciativa, o superintendente do Senar-MT, Otávio Celidonio, salienta a atual diferença entre o Brasil e outros países, em relação à produtividade.
“Temos muito a evoluir neste sentido, até porque, se compararmos a produtividade da soja, da pecuária e da mão de obra, esta diferença é ainda maior”, analisa.
Ele ainda comenta que a produtividade per capita, no País, gira em torno de U$ 10 mil, enquanto em outras nações, como Estados Unidos e Argentina, este valor chega a ser até 120% maior.
Segundo Celidonio, o Senar-MT tem se baseado em uma tríade para promover a evolução do setor: “Temos trabalhado processo, pessoa e serviço com o intuito de tornar nossa agricultura mais competitiva. Portanto, iniciativas como o AgriHub são de fundamental importância, pois democratiza o acesso às inovações e às informações para que se possa alcançar, com mais rapidez e assertividade, as soluções para os gargalos do agronegócio”.
CUSTOS E RECEITA
De acordo com o superintendente do IMEA, Daniel Latorraca, ao final do dia o que importa para o produtor é a redução de custos e o aumento de receita/produtividade. E neste sentido, prevalece uma série de problemas que precisam ser resolvidos e que, no mundo de startups, são conhecidos como “dores”.
“O AgriHub faz muito sentido, porque é uma ferramenta que vai identificar a necessidade dos produtores e os conectar com aqueles capacitados para encontrar as soluções, como as startups, pesquisadores da Embrapa, que também é uma parceira do projeto, entre outros. Ou seja, estamos formando uma rede de inovação para auxiliar na solução dos problemas reais do campo”, reforça Latorraca.
Ele ainda informa que, neste primeiro momento, o trabalho desenvolvido pelo projeto terá três frentes: “A primeira delas será formar a rede de produtores, que testarão essas tecnologias no campo. A segunda virá com o apoio ao desenvolvimento de ideias, que promovam soluções para estes desafios do agronegócio. E a terceira frente é o Conexão AgriHub, que conecta o produtor s startups e empresas já consolidadas para fazer outros testes”.
De acordo com o presidente da Famato, um ponto muito importante, que afastava o produtor de tais tecnologias, está relacionado aos custos de implantação.
“Já há um aporte tecnológico muito grande no meio rural, mas a custos muito elevados, o que impossibilita uma adesão maior por parte dos produtores e o desafio do AgriHub é transformar tais custos em oportunidades”, destaca Rui Prado.
Ele também ressalta que o AgriHub unirá, por meio de uma rede, os elos desta cadeia produtiva: o produtor, o desenvolvedor de tecnologias, as startups, o pesquisador, o investidor e os empresários. A proposta é fazer com que sejam empregadas as tecnologias de inovação, a partir daquelas que já existem e também em torno do que ainda não foi implantado no País.
O intuito, salienta Prado, também é “colocar o Brasil na vanguarda do desenvolvimento agropecuário e dos avanços tecnológicos para o setor”.
OUTRAS AÇÕES
COO (da sigla inglesa, Chief Operating Officer) da AgriHub, Heygler de Paula comenta que, além de conectar a rede de produtores às empresas oriundas de base tecnológica, como as startups, focadas em tecnologias para o agronegócio, serão necessárias outras ações para consolidar essa iniciativa.
“Durante o Conexão AgriHub, promoveremos encontros dos problemas dos produtores rurais, com as soluções prontas das empresas para serem testadas e, posteriormente, apresentaremos essas soluções para a cadeia do agronegócio mato-grossense”, disse.
O executivo informa que as empresas passarão por um processo de qualificação e seleção, conforme o estágio de desenvolvimento da solução apresentada.
“Se esta proposta e se as necessidades de uma das fazendas estiverem equipadas, será realizada a ligação para promover a rodada de teste de ao menos um ciclo do produto ou serviço”, informa De Paula.
Ele ainda destaca que, depois de cumprir estas etapas do processo de testes e implementação da solução, será feita uma avaliação de market fit, pela qual a empresa deverá ter, pelo menos, dez clientes e ter conseguido uma recompra de determinado produto e/ou serviço.
“Atingindo estes requisitos, a empresa receberá o selo de apoio e o projeto participará de Road Show, o Conexão AgriHub, pelo qual as empresas rodarão o Estado de Mato Grosso, apresentando suas soluções, com o intuito de promover mais vendas”, explica De Paula, lembrando que o AgriHub não cobra nenhum valor para as partes envolvidas.
Por equipe SNA/SP