Cuidar dos bezerros é fundamental para obter sucesso na produção da pecuária de leite e de corte e até na reposição natural dos animais. Mas um problema comum pode atrasar o crescimento dos novilhos em até dois meses: a coccidiose bovina. É o que alerta o médico veterinário Saul Haten Honorato, da Bayer Saúde Animal.
Em casos mais graves, ele informa que esta doença infecciosa, também conhecida como eimeriose bovina, pode ser irreversível, por causa da destruição das células do intestino. A Eimeria zuernii e Eimeria bovis são os tipos mais patogênicos, com maior incidência em animais de até um ano de idade. Ainda assim, os casos mais recorrentes são detectados nos primeiros dias de vida de um bezerro (de sete a 21 dias após o nascimento).
“Sem dúvida nenhuma, a coccidiose tem muita relevância dentre as principais doenças que acometem os animais na idade jovem”, comenta.
De acordo com Honorato, a principal forma da doença é a subclínica, quando é observado, principalmente, o atraso no desenvolvimento dos animais, resultando em perda de produtividade e prejuízo econômico.
“Já na forma clínica, podemos averiguar a existência de diarreias profusas, com presença de sangue ou não”, destaca.
Segundo o veterinário, um estudo recente realizado em fazendas tecnificadas de Minas Gerais mostra que a coccidiose está presente em 100% das propriedades rurais e em 66% dos animais.
“O parasita causador da doença destrói, de forma irreversível, as células intestinais responsáveis pela absorção dos alimentos, resultando em menor eficiência na conversão alimentar e, consequentemente, atraso no desenvolvimento dos animais.”
SINAIS
Os primeiros sinais visíveis da coccidiose, cita Honorato, são a queda na ingestão de alimentos, a redução da conversão alimentar e, consequentemente, o atraso no desenvolvimento dos bezerros.
O especialista alerta também para o fator mais preocupante: “Mesmo após um animal se recuperar de um quadro clínico como este, os danos provocados ao intestino são irreversíveis, impedindo, assim, que o animal expresse ao máximo o seu potencial genético”.
MEDIDAS
Para evitar o problema, um conjunto de medidas deve ser levado em consideração por que cria bezerros: fatores ambientais, manejo, cuidados no parto, fornecimento do colostro, cura do umbigo, fornecimento de dietas líquida e sólida, entre outras.
“É importante que os bezerros nasçam em local limpo, seco e tranquilo, para minimizar os riscos de contaminação. O espaço também deve ser livre de matéria orgânica e com incidência da luz solar.”
Honorato acrescenta ainda a necessidade de garantir o fornecimento do colostro no menor tempo possível, após o parto. “É importante destacar também a cura do umbigo que, apesar de ser um procedimento simples, tem grande impacto na saúde e no desenvolvimento dos animais.”
TRANSMISSÃO E DIAGNÓSTICO
O veterinário da Bayer relata que a contaminação de outros animais ocorre no próprio ambiente – como, por exemplo, por meio da água e alimentos contaminados pelos oocistos de Eimeria, que são eliminados nas fezes dos animais acometidos.
“O diagnóstico da coccidiose pode ser feito por intermédio do histórico da propriedade rural, a partir da avaliação de quadros de diarreias nos animais jovens; manejo; instalações; relatos de atraso no desenvolvimento; e, principalmente, pela realização do exame parasitológico Contagem de Oocistos por Grama de Fezes (OOPG), que é feito em laboratórios, e da identificação da espécie de Eimeria envolvida.”
O diagnóstico da coccidiose é baseado, principalmente, na queixa do atraso de desenvolvimento dos animais, sem sinais clínicos aparentes.
DESVANTAGENS
Apesar de haver tratamento, Honorato alerta para algumas desvantagens destes procedimentos: em primeiro lugar, o tratamento geralmente começa depois do surgimento dos sintomas, ou seja, depois que o intestino do animal já sofreu danos; em segundo, existe a dificuldade de uso de medicamentos adicionados à ração ou à água, uma vez que animais acometidos diminuem a ingestão de alimentos e podem receber subdosagens.
“É importante ressaltar a prática da terapia de suporte, com a reidratação dos animais acometidos, o tratamento de infecções secundárias e a retirada dos animais do ambiente contaminado.”
Por equipe SNA/RJ