Datagro eleva projeções para safra 2013/2014 de cana-de-açúcar

A Datagro, consultoria especializada no mercado sucroenergético, divulgou na manhã desta terça-feira (19/3), em São Paulo, que a safra de cana 2013/2014 pode atingir 643 milhões de toneladas – 587 milhões de toneladas produzidas na região Centro-Sul e 56,5 milhões de toneladas nas regiões Norte e Nordeste. De acordo com Plínio Nastari, sócio-diretor da Datagro, a produção de açúcar deve ser de 40,7 milhões de toneladas e de etanol, 26,4 bilhões de litros. As projeções para o rendimento de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) é de 136,43 quilos por tonelada.

Segundo ele, a safra deve começar mais cedo, pela disponibilidade de cana-de-açúcar no campo e a produção de anidro, incentivada pelo provável retorno dos 25% misturados à gasolina e o aumento da demanda norte-americana. “No mercado interno, o crescimento da demanda de anidro deve ser de 1,9 bilhão de litros”, diz ele.

O consumo estimado no Brasil, porém, girará em torno de 10,42 bilhões de litros; o de etanol hidratado (combustível usado diretamente nos veículos), de 11,11 bilhões de litros. Pela indústria alcooquímica, devem ser consumidor 500 milhões de etanol.

Apesar de um cenário positivo, Nastari afirma que a safra 2013/2014 ainda enfrentará alguns problemas estruturais e pelo menos seis usinas devem suspender suas atividades (até a safra 2012/2013, 41 usinas foram fechadas), mas a demanda por etanol continuará aumentando no país. “A inconstância da política brasileira para o consumo de etanol promove instabilidade no cenário como um todo. O setor depende do humor do governo e isto não é bom, nem para o setor nem para o consumidor”, diz ele.

Disparidade de custos

O maior desafio, segundo ele, é a transformação que o setor está enfrentando no campo. “Os produtores estão reaprendendo a fazer suas operações agrícolas de plantio e colheita. Tudo isso era manual e agora, mecanizado. Neste processo, há muitas perdas”, explica. De acordo com ele, os diferentes tipos de solo (não planos) dificultam estas operações e elevam os custos. “Com a colheita manual, era possível aproveitar a planta em sua totalidade e não levar restos minerais (terra) ou vegetais (palha) para a indústria. Com a mecanização, isto está acontecendo demais e faz com que o rendimento das colhedoras de cana tenham uma variação muito alta, que vai de 230 toneladas por hectare a 900 toneladas por hectare”, diz.

Com a introdução das máquinas no campo, de cada tonelada colhida, 7% é palha, que não gera nem açúcar nem etanol, e 3%, terra, que é altamente abrasiva para as máquinas. “Tem outros fatores, ainda, que contribuíram para elevação de custos como o preço do aço, dos fertilizantes. O valor do arrendamento de terras ficou mais caro, valorizado pela soja e pelo milho e a apreciação do Real em relação ao Dólar também influenciou”, afirma. Nastari cita ainda a falta de mão de obra e as quedas de produtividade no campo como fatores de elevação no custo de produção da cana. “As expansões de canaviais foram efetivas, mas em terras com pouca fertilidade. A cana agrega valor ao solo, mas leva um tempo, uns vinte, trinta anos”.

Na bomba

Nastari acredita que no final de maio até meados de junho, os preços finais do etanol ao consumidor sejam vantajosos, algo em torno de R$ 1,69 na bomba, mas em 2014, o cenário é mais positivo. “Neste período, a Cide deve voltar a impactar o preço da gasolina e os seus preços reais devem voltar a ser praticados. Esperamos que no ano que vem, o governo perceba a posição estratégica do etanol para o Brasil”, diz.

Fonte: Globo Rural

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