Apesar da crise atual, o mercado de fertilizantes tem dado sinais positivos. De acordo com os levantamentos de algumas consultorias do setor, em 2016, as entregas desses insumos aos produtores brasileiros devem aumentar de 3% a 3,5% em relação ao ano passado. Estes números foram apresentados pelo presidente da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), George Wagner Bonifácio e Sousa, durante coletiva de imprensa no 6º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, realizado na segunda-feira, 29 de agosto, na capital de São Paulo.
Segundo a Anda, no fim de julho, 3,3 milhões de toneladas de fertilizantes foram entregues aos produtores rurais, ante 3,25 milhões no mesmo período do ano passado, o que representa um acréscimo de 2,7%. Por questões de compliance (regras internas), a entidade não se pronuncia sobre perspectivas, mas aposta na estabilidade do setor.
“O bom desempenho do setor nos últimos meses se deve à relação favorável de troca de grãos por adubo e ao câmbio, deixando os produtos mais baratos na moeda brasileira”, justificou Sousa, acrescentando que 70% dos fertilizantes utilizados nas lavouras do Brasil são importados.
“Se vamos entregar um volume maior ou não nos próximos meses, é difícil prever, depende do comportamento do mercado e está relacionado à desvalorização ou à valorização da moeda, à alteração de preços, à produção ou à reposição dos estoques mundiais que pode ainda afetar a decisão de plantio”, destacou o presidente da Anda.
ENTREGA
Segundo Souza, o transporte de produtos agrícolas de regiões produtoras, como Mato Grosso e Goiás, para os portos, acelerou a entrega de fertilizantes, o que barateou o custo do frete de retorno do adubo para as áreas de produção. “Ainda há muito fertilizante a ser entregue, referente às vendas concretizadas, mas não tenho como precisar o total comercializado na safra de grãos 2016/2017.”
No entanto, o presidente da Anda informou que, em agosto, o preço do frete tem registrado aumento em diversas regiões produtoras do Centro-Oeste e no Matopiba, devido à quebra de safra e ao menor tráfego de grãos das áreas produtoras para os portos, o que tem causado o repasse dos preços aos clientes.
Segundo Sousa, a desvalorização do dólar em relação ao real tem ajudado a reduzir os custos dos fertilizantes em real. “No entanto, alguns fatores podem mudar esse quadro, como as cotações internacionais desses produtos, assim como a oferta e demanda global”, ponderou e enfatizou a necessidade de estabilizar o câmbio no País para escapar das oscilações dos preços.
Conforme levantamento da Scot Consultoria, em agosto os preços dos fertilizantes acompanharam os recuos do dólar em relação ao real, registrando quedas médias de 1,1%, 0,6% e 0,2% para os adubos nitrogenados, potássicos e fosfatados, respectivamente, em relação ao mês anterior.
No período, o preço médio da ureia foi de R$ 944,76 por tonelada, sem o frete, em São Paulo, retração de 0,8% comparada ao mês anterior. Desde junho, o preço da ureia caiu, em média, 2,0% no estado, mas ainda está 4,1% acima do registrado no mesmo período de 2015.
Em relação ao fato de o Brasil importar a maior parte dos fertilizantes que consome, Sousa diz que ainda não há como o país competir em igualdade com outros mercados, mas destaca que não vê isso como um problema. “Não existe um volume crescente de importações, mas pequenos deslocamentos das curvas de oferta e demanda de fertilizantes, em decorrência da decisão de alguns agricultores de antecipar ou postergar as aquisições para a safrinha, o que gerou maior importação desses produtos, mas nada alarmante”, observou.
‘NUTRIENTES PARA A VIDA’
Durante a coletiva, o diretor executivo da Anda David Roquetti Filho destacou o lançamento do projeto “Nutrientes para a “Vida”, realizado durante o 6º Congresso Brasileiro de Fertilizantes. Trata-se de uma série de ações que têm como objetivo melhorar a imagem do setor de fertilizantes e explicar à população os benefícios que os fertilizantes proporcionam à cadeia produtiva da agricultura nacional.
“Essa ideia surgiu a partir da observação das inúmeras discrepâncias e informações distorcidas referentes aos fertilizantes e ao seu uso. Nosso objetivo é levar para a sociedade informações baseadas na ciência”, explicou o diretor executivo da entidade.
De acordo com Roquetti, nos Estados Unidos, a importância dos fertilizantes e dos nutrientes para a produção de alimentos é ensinada desde os primeiros anos da educação infantil. “Nosso objetivo é educar as nossas futuras gerações nesse sentido.”
O diretor da entidade explicou outros fundamentos do Nutrientes para a Vida. “Esse projeto é fundamentado em critérios científicos comprovados e estimula e promove a chamada ‘Gestão 4C dos Nutrientes, pautada em quatro princípios básicos sobre a correta utilização dos fertilizantes – fonte certa, época certa e local certo –, de modo a assegurar que não haja problemas de desequilíbrio no solo”, relatou.
David destacou a responsabilidade do Brasil para o futuro da alimentação mundial e a importância do envolvimento de todos nesse projeto. “Temos uma vontade tão grande de que esse projeto seja bem-sucedido e podermos informar a todos sobre os benefícios, não só dos fertilizantes, mas da cadeia produtiva como um todo”, enalteceu.
Por equipe SNA/SP