A hipótese de aumento de juros nos Estados Unidos tem ganhado força nos últimos meses devido à melhora no mercado de trabalho e às expectativas de crescimento econômico mais rápido, disse nesta sexta-feira a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen.
Yellen não indicou quando o Fed vai retomar as elevações na taxa, mas as declarações reforçam a avaliação de que a alta pode acontecer mais à frente neste ano. O Fed se reunirá neste ano em setembro, novembro e dezembro.
Yellen, falando em reunião internacional de bancos centrais de três dias, disse que “a economia dos EUA está se aproximando das metas do estatuto do Federal Reserve de pleno emprego e estabilidade de preços”.
“À luz da performance continuamente sólida do mercado de trabalho e da perspectiva para a atividade econômica e a inflação, acredito que a hipótese de aumento da taxa de juros tem ganhado força nos últimos meses”, disse Yellen no texto de seu discurso.
Ela acrescentou que o Fed ainda acredita que futuros aumentos de juros devem ser “graduais”.
O Fed elevou os juros de dezembro, primeiro em quase uma década, mas os manteve desde então diante da desaceleração do crescimento global, volatilidade dos mercados financeiros e fraco dados de inflação no Estados Unidos em geral.
Segundo dados do FedWatch, do grupo CME, o mercado estimava em 18% as chances de o Fed elevar juros em setembro e em 53% de isso ocorrer em dezembro.
A declaração de Yellen provavelmente não convencerá parte do mercado de que um aumento de juros é iminente. Isso porque, em parte, entende-se que as autoridades o Fed estão fortemente divididas entre os que querem elevar os juros em breve e outros que pedem uma postura mais cautelosa.
Yellen falou em conferência do Fed sobre o desenho de novos quadros de política monetária. Autoridades de bancos centrais buscam novas maneiras de estimular economias mesmo após cortarem os juros a quase zero e inundarem os bancos com dinheiro.
Ela dedicou boa parte de seu discurso a apresentar como o Fed pode lidar com futuras recessões agora que muitos economistas e autoridades do Fed acreditam que o envelhecimento da população e outras dinâmicas parecem estar desacelerando o crescimento dos EUA ao longo do tempo.
Já que crescimento mais lento significa que as taxas de juros também terão de ser mais baixas em média no futuro, alguns analistas têm sugerido que o Fed terá menos espaço para combater recessões futuras porque haverá menos espaço para cortar os juros.
Essa visão é “exagerada”, disse Yellen, porque o Fed será capaz de usar compras de títulos e orientação futura para flexibilizar as condições. O banco central também pode explorar outras opções, incluindo ampliar o conjunto de ativos que pode comprar, aumentar a meta de inflação ou mirar o Produto Interno Bruto (PIB) nominal, afirmou.
Fonte: Reuters