Arroz: preços começam a arrefecer na reta final de agosto

A calmaria aparente do mercado nacional está gerando uma leve retração nos preços do arroz em casca em agosto. Isso porque, apesar da calmaria, na oferta, é intensa a movimentação de empresas buscando o abastecimento e de produtores em busca de crédito e nos preparativos para a próxima safra. A certeza de uma colheita maior do que a de 2015/16 na temporada 2016/17 contribuem para isso, além do avanço do crédito direto das indústrias e fornecedores. A queda de até 24% nos preços dos fertilizantes até junho, divulgado esta semana pela Farsul, ajuda e o produtor está buscando se abastecer.

Ao mesmo tempo, a indústria e o varejo relaxaram um pouco cientes de que a demanda encontrou bom fluxo de abastecimento do MERCOSUL e que a dependência do restante do produto na mão do arrozeiro não será tão grande. Para setembro a indústria espera o aumento da oferta do cereal por causa dos três vencimentos de custeio em pouco mais de 40 dias, até outubro. A oferta de 35.000 toneladas de arroz em casca pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em leilão na próxima quinta­-feira, dia 1º, não vai movimentar o mercado. O volume é pequeno e parte dos grãos é saldo de leilões anteriores. Mas, gerou um “fator psicológico”, com a indústria sendo pressionada pelo varejo e, ao mesmo tempo, pressionado os produtores que mostram interesse em ofertar, com referencial de preços mais baixos.

O indicador Esalq/Senar­RS desta quinta-­feira, dia 25 de agosto, ficou em R$ 50,13 a saca de arroz de 50 quilos, em casca, no Rio Grande do Sul (58×10), à vista. Acumula 1,1% de queda ao longo dos 25 dias do mês. Somente de quarta para quinta-­feira a queda foi de R$ 0,40. Em dólar, a saca equivalia a US$ 15,53. O dólar comercial nesta quinta-­feira teve alta de 0,24%, sendo cotado a R$ 3,2300 para compra e R$ 3,2320 para a venda, mantendo a trajetória de relativa estabilidade verificada ao longo do ano.

A movimentação nos portos gaúchos segue com foco mais forte nos embarques de quebrados para a África e arroz beneficiado – em menores quantidades – que têm como alvo a América do Sul, o Caribe e a América Central. As importações estão baseadas no fornecimento do Mercosul e de arrozes especiais para atender a nichos de mercado.

A expectativa é de que o mercado se mantenha até o final da próxima semana balizado pelos R$ 50,00 por saca. O perfil da Balança Comercial, o fluxo de negociações no mercado interno e a pressão da nova safra, além do câmbio, são alguns fatores que podem gerar alguma oscilação. Vale lembrar, porém, que historicamente ­ mesmo sob intensa entrada de produto do Mercosul o segundo semestre do ano comercial ­ que vai de setembro a fevereiro ­é aquele que registra as maiores médias de preços de venda.

Polêmicas

As polêmicas da semana são a avaliação do veto do governador José Ivo Sartori a um projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa, de autoria do deputado estadual Frederico Antunes, que na prática elimina as vantagens tributárias das indústrias gaúchas que foram negociadas pela cadeia produtiva desde 2013 e transfere para o rizicultor a obrigação de pagar os 12% de ICMS (tarifa cheia) ao vender o arroz em casca. Com uma das bases eleitorais e financeiras na cadeia produtiva do arroz, o deputado vem sendo fortemente criticado por agricultores e entidades setoriais. Há alguns anos, quando se licenciou do mandato para ser secretário estadual, o deputado se afastou do Governo do Estado e retomou o mandato na Assembleia Legislativa para votar a favor do governo num pacote tributário que, entre outras coisas, aumentou a incidência dos impostos sobre o arroz.

A segunda polêmica da semana foi a realização de uma pesquisa de intenção de plantio pelo IRGA, que apontou projeção de pequeno avanço na superfície a ser semeada no Rio Grande do Sul (o que é uma obviedade face à expectativa de clima favorável, disponibilidade de água, avanço do acesso ao crédito privado, e necessidade de pagar duas safras em uma por parte dos arrozeiros na nova temporada). Os números, em si, estão dentro da realidade, projetam uma safra 1.55 milhão de toneladas maior do que na temporada passada (o que também é absolutamente normal, pois é praticamente o número da safra passada se não houvesse as perdas).

A situação incômoda está no fato de os próprios funcionários do IRGA e alguns produtores com acesso à informação, terem confirmado a pesquisa e que lideranças setoriais e alguns conselheiros estão tentando bloquear a divulgação dos dados argumentando que eles “vão baixar os preços do mercado”. De qualquer maneira, os números já correm nos bastidores da cadeia produtiva, a indústria já domina via financiamento e histórico de relacionamento com seus parceiros e fornecedores o volume que deverá receber na próxima safra, o financiamento oficial é de conhecimento público, a assistência técnica e mesmo os agricultores já têm ideia da superfície a ser plantada. Ficaria sem a informação o produtor, que no final das contas, é quem paga pela existência do Instituto, o que seria uma posição no mínimo estranha.

A expectativa é de que o bom senso do presidente e seus diretores, que geraram avanços pelo perfil mais técnico do que político, e de parte do conselho – alguns dos conselheiros sequer tiveram acesso à pesquisa – mantenham a transparência das informações técnicas do organismo. Em 2015 foi a primeira vez em quase uma década que o IRGA não divulgou a intenção de plantio de arroz e de soja na várzea na Expointer, mas por razões mais do que justificadas. O estado vivia um El Niño sem precedentes e a área realmente era uma incógnita, o que, agora, não é o caso.

Mercado

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 50,30 para a saca de arroz de 50 quilos (58×10) no Rio Grande do Sul, à vista. A saca de 60 quilos de arroz beneficiado (branco, tipo 1) é cotada a R$ 108,00 (sem ICMS – FOB), enquanto os quebrados seguem valorizados pela demanda africana. O canjicão de arroz e a quirera, em sacas de 60 quilos, são cotados a R$ 58,00 e R$ 57,00 em média, no Rio Grande do Sul. A tonelada (FOB) do farelo de arroz dirigido para o polo fabricador de rações de Arroio do Meio (RS), como sucedâneo do milho, vem sendo comercializada por R$ 650,00 (ou R$ 690,00 CIF).

 

Fonte: Planeta Arroz

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