O dólar comercial fechou em leve alta de 0,11%, cotado a R$ 3,1870 para compra e a R$ 3,1885 para venda, com máxima a R$ 3,1945 e mínima a R$ 3,1562, com fluxo mais negativo na parte da tarde e realização de lucros parcialmente ofuscando as expectativas de um Banco Central menos ativo no mercado e maior apetite por ativos de risco no exterior.
“Parece que o BC não quer segurar o dólar a qualquer custo, mas ainda há alguns ruídos no horizonte. O mercado vai continuar testando para ver como ele (BC) reage até ter bastante clareza sobre qual é a estratégia”, disse o operador de uma corretora nacional.
Na sessão passada, o dólar havia subido e encostado nos R$ 3,20, após o presidente interino Michel Temer afirmar que era necessário manter “um certo equilíbrio no câmbio”, sem cotações altas ou baixas demais.
A Reuters divulgou nesta manhã que, segundo uma importante fonte da equipe econômica, o governo não tem muito como agir para conter a desvalorização do real. “Não tem muita coisa que se possa fazer, a experiência mostra que qualquer tipo de intervenção diferente não se sustenta e acaba sendo mais prejudicial”, afirmou a fonte.
A notícia ajudou a criar as condições para uma queda do dólar nesta manhã, juntamente com o cenário externo mais favorável.
“A leitura de sexta-feira, de que o governo poderia tentar segurar a queda do dólar, está ficando para trás”, disse pela manhã o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Mas o movimento de queda perdeu força durante a tarde, devido, segundo operadores, a um fluxo de saída de recursos e realização de lucros de quem havia vendido divisas pela manhã.
O dólar vem rondando as menores cotações em mais de um ano, influenciado por expectativas da contínua atração de ativos brasileiros em um cenário em que os juros norte-americanos não devem voltar a subir até o fim deste ano.
O otimismo no mercado sobre as promessas de restrição fiscal de Temer também vem influenciando o recuo do dólar.
O BC reagiu aumentando o volume de oferta diária de swaps reversos de 10.000 para 15.000 contratos, como o fez nesta sessão. Dois operadores de bancos que negociam diretamente com a autoridade monetária acreditam que o BC pode voltar ao volume anterior nos próximos dias se o dólar não voltar a desabar.
Cotações baixas demais podem atrapalhar a recuperação econômica ao prejudicar as exportações. Por outro lado, cotações altas tendem a pressionar a inflação.
Com sua política de intervenções, o BC reduziu a sua posição de swaps tradicionais para menos de US$ 50 bilhões. No ano passado, essa posição chegou a superar os US$ 100 bilhões.
No mercado internacional, por volta das 17h15 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,10%, cotado ao 95,58, enquanto o euro estava em alta de 0,20%, cotado a US$ 1,1183.
Juros futuros mais longos fecham em leve queda
Os contratos futuros de taxas de juros de médio prazo terminaram a sessão desta segunda-feira estáveis, enquanto os mais longos cederam levemente. Segundo profissionais, além da queda do dólar – que parece que ainda vai durar mais tempo, dado o quadro global de farta liquidez – e das declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, buscando esfriar preocupações com o ritmo ainda lento da reforma fiscal, contribuíram para esse desempenho.
Logo cedo, o mercado reagiu ao resultado da pesquisa Focus, que mostrou uma leve piora no quadro de inflação. A mediana das estimativas para o IPCA este ano subiu de 7,20% para 7,31%. E interrompeu a queda registrada nas últimas semanas para 2017, permanecendo em 5,14%. Além disso, os Top 5 elevaram a estimativa para o IPCA no ano que vem de forma expressiva, de 4,97% para 5,25%.
Mas a queda do dólar, que chegou a ser negociado a R$ 3,1562 na mínima do dia, acabou interrompendo a alta das taxas. O ajuste para cima das taxas futuras durou pouco. Dólar em queda, na visão de especialistas, ajuda nas especulações de corte de juros, porque contribui tanto para a melhora da inflação corrente quanto das expectativas.
A visão dos especialistas, até aqui, é que o BC poderá ter espaço para começar a cortar os juros a partir de outubro, quando o quadro político deverá estar definido, pode haver mais clareza sobre o cenário para o fiscal e as expectativas de inflação podem estar mais ancoradas. Assim, se a Focus atrapalha o BC, o câmbio pode ser um elemento muito favorável ao corte de juros logo, dizem os especialistas. E o contrário pode ser verdade: o corte de juros pode ajudar a conter a pressão de apreciação cambial.
Mas é do fiscal que virá o sinal amarelo para o início do alívio monetário. E hoje, em conversa com representantes do mercado financeiro promovido pela XP, o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tentou diminuir o grau de ansiedade ao afirmar que o processo para aprovar as medidas será difícil, mas que é preciso enfrentá-lo. “Ao ser realista sobre o nível de dificuldade, ele pareceu crível”, relata uma fonte que participou do evento.
Na saída da reunião, Meirelles falou com a imprensa e repetiu que há indicações de que haverá crescimento econômico e, consequentemente, da arrecadação em 2017. Com isso, tudo indica que não será necessário elevar tributos. “Mas se for necessário, vamos aumentar impostos”, disse.
No encerramento do pregão, o DI janeiro/2021 era negociado a 11,85% de 11,89% no ajuste de sexta-feira. Já os DIs janeiro/2019 e janeiro/2018 terminaram a sessão estáveis, respectivamente com taxas de 12,09% e 12,65%.
Fonte: Reuters