Soja, algodão, macaúba, dendê, gordura animal, óleo de fritura, pinhão-manso fazem parte do rol de matérias-primas para a produção do biodiesel, um combustível de fonte renovável que possibilita diversos benefícios ambientais, econômicos e sociais.
Para identificar e viabilizar fontes na natureza para produção deste biocombustível é necessário um grande aporte de conhecimento e tecnologias. Os primeiros testes foram com óleo de amendoim por Rudolf Diesel, em 10 de agosto de 1893. No Brasil, o destaque foi o engenheiro químico Expedito Parente, pioneiro nos experimentos do biodiesel utilizando o óleo de algodão como matéria-prima, que registrou a primeira patente brasileira de um Processo de Produção de Combustíveis a partir de Frutos ou Sementes Oleaginosas.
“Graças a dedicação do Expedito Parente e outros cientistas, temos esse combustível de fonte renovável e que pode substituir ou aqueles de origem fóssil”, destaca o chefe de pesquisa da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville. Sua importância é tamanha que em 2004 o Governo Federal criou o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel – PNPB visando o desenvolvimento dos três pilares da sustentabilidade. Nesses 12 anos, o investimento em PD&I foi e continua sendo fundamental para alcançar esses objetivos.
Nesse período, uma das grandes mudanças foi o aumento nos percentuais de adição de biodiesel ao óleo diesel fóssil, usado como combustível para vários tipos de veículos. Desde a criação do PNPB, o percentual da mistura passou de 2% para 7%, sendo que já está previsto para 2017 um aumento para 8 %. Nos anos seguintes, está previsto o incremento de 1% a cada 12 meses, ou seja: 9% até 2018 e 10% até 2019. Além disso, o PNPB contribui para a diversificação das matérias-primas, inserção da agricultura familiar, investimento em pesquisa, destino econômico de resíduos graxos, inclusão regional, redução de gases de efeito estufa, melhoria da qualidade do ar na área urbana, geração de empregos e renda.
Tamanha é a importância do Biodiesel, que este integra parte das metas acordadas pelo Brasil na COP21 para o desenvolvimento sustentável. De acordo com as medidas comprometidas pelo Brasil, está o aumento na participação de biocombustíveis líquidos na matriz energética para 18 % até 2030, com previsão de aumento da fração de biodiesel na mistura do diesel.
Para contribuir com o PNPB, a Embrapa Agroenergia priorizou a cadeia de produção de biodiesel como um dos temas mais relevantes de suas pesquisas, com todo arcabouço de conhecimento e geração de tecnologia que as outras unidades da Empresa geram desde a década de 70, desde a criação da Embrapa. A Empresa tem direcionado seus esforços de PD&I na produção de matérias-primas, nos processos de transformação de óleo em biodiesel, garantia da qualidade do produto e aproveitamento de resíduos. “É importante salientar que, para a execução desses trabalhos, contamos com a colaboração de outras unidades da Embrapa e de parceiros estratégicos do Governo, Casa Civil (incluindo MDA), MCTIC, MAPA, MME, MMA, MRE, ANP, Coordenação de biocombustíveis, diversas universidades, e da iniciativa privada, como a Ubrabio, Aprobio, Abiove, entre outras instituições”, destaca Capdeville. Mais informações sobre as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Agroenergia com biodiesel, acesso o link www.embrapa.br/agroenergia
Além das ações da Embrapa, nos últimos 10 anos ocorreu no País a geração de um grande volume de conhecimento científico para a produção de biodiesel, especialmente com a criação da Rede Brasileira de Tecnologia do Biodiesel (RBTB), coordenada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – MCTIC com a participação de diversas universidades e ICTs, e da Embrapa.
O MCTIC deu amplo apoio, principalmente com direcionamento de recursos financiamento de projetos de pesquisa em áreas estratégicas. O Coordenador de Ações Desenvolvimento Energético do MCTIC, Rafael Menezes, destaca em relação aos avanços que tiveram apoio da Embrapa. “Foram executados vários projetos pela Embrapa para a domesticação e desenvolvimento de matérias-primas para Biodiesel, como pinhão-manso, palmeiras nativas, palma de óleo, oleaginosas anuais, entre outras”. O pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola, complementa que os projetos permitiram avançar significativamente na geração de tecnologias de cultivo, aproveitamento de coprodutos e processos de extração e produção de biodiesel a partir do óleo das matérias-primas pesquisadas.
Fonte: Divulgação
Nesta linha, as instituições de pesquisa, sejam públicas ou privadas, têm um papel fundamental na geração de conhecimentos, tecnologias e produtos que promovam o aumento da sustentabilidade em cada um destes três pilares. E para possibilitar isto, entre os dias 22 a 25 de novembro de 2016, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações, a Universidade Federal de Lavras, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel, promovem o 6º Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel e o 9º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel.
De acordo com o Coordenador de Ações Desenvolvimento Energético do MCTIC, Rafael Menezes, a temática do evento “Biodiesel: 10 anos de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil” é para destacar os avanços obtidos pelo Brasil na P,D&I em Plantas Oleaginosas e Biodiesel, bem como celebrar uma década da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel.
Bruno Laviola, pesquisador da Embrapa Agroenergia, que atua no melhoramento genético de plantas oleaginosas, reforça a importância de que o conhecimento gerado nas mais diversas instituições seja divulgado e compartilhado, para que os mesmos sejam cada vez mais aprimorados e reflitam em avanços na cadeia produtiva do biodiesel. A Embrapa Agroenergia é uma das instituições apoiadoras do evento.
O evento será uma oportunidade impar de reunir pesquisadores, estudantes e técnicos dos setores público e privado, atuantes nas entidades e empresas envolvidas com pesquisa, desenvolvimento e inovação na cadeia de produção e uso do biodiesel. “Esperamos novamente poder divulgar para um grande número de pessoas as muitas tecnologias que as equipes envolvidas na cadeia produtiva do biodiesel desenvolveram desde o último congresso a quatro anos”, concluiu o coordenador dos eventos e professor da UFLA, Pedro Castro Neto.
No congresso haverá espaço para apresentação de trabalhos técnico-científicos desenvolvidos nas linhas tem éticas de matéria-prima; armazenamento, estabilidade e problemas associados; caracterização e controle de qualidade; coprodutos; produção e uso de biodiesel; além de políticas públicas e desenvolvimento sustentável. O prazo para envio dos trabalhos encerra no dia 18 de setembro.
Mais informações a respeito dos eventos no link: http://oleo.ufla.br/congresso2016.
Embrapa