Depois de uma colheita menor em 2 milhões de toneladas na safra 2015/16 e a necessidade de importar para equilibrar seu balanço de oferta e demanda, o Brasil tende a fechar o ano civil de 2016 com o saldo comercial negativo. O movimento já era previsto, diante de uma produção de 10.47 milhões de toneladas e um consumo de 11.50 milhões de toneladas projetados pelos órgãos oficiais para esta temporada.
No entanto, surfando na crise política e econômica brasileira, o dólar se manteve muito valorizado no primeiro semestre do ano, mas enfraqueceu perto de R$ 0,75 depois de um pico acima de R$ 4,00 no final do ano passado. Os preços internos, pelas cotações da época, se mantinham entre US$ 10,00 e US$ 11,00, inviabilizando as importações, mas fomentando as vendas externas.
Sob este cenário, no primeiro semestre do ano o Brasil forneceu 603.900 toneladas do grão, em base casca, contra uma importação de 366.500 toneladas. O saldo de janeiro a junho deste ano foi positivo em 237.400 toneladas e gerou a expectativa de repetir os números de exportação acima de 1.2 milhão de toneladas na temporada e um superávit acima de 470.000 toneladas de arroz.
No entanto, o mercado interno trancado e valorizado na faixa de R$ 50,50 por saca de arroz em casca e a desvalorização do dólar com a mudança de governo, elevou a cotação doméstica para a casa dos US$ 15,00. Desde maio a indústria e o varejo brasileiros passaram a buscar com mais firmeza o cereal no MERCOSUL. Tanto que em junho a Balança Comercial foi negativa em 43.000 toneladas. Em julho, novo déficit, mas menor: 13.400 toneladas.
A alta de 49,7% nas vendas externas, capitaneadas por quebrados de arroz para a África pela média de US$ 290,00 a tonelada, elevou os embarques para 89.400 toneladas, frente as 59.700 toneladas de junho. Desde maio as empresas brasileiras e tradings não comercializam grão em casca para o exterior.
No acumulado do ano, segundo dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) com base no Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comérco (MDIC), o Brasil alcança vendas de 693.251 toneladas do cereal em base casca, com média de 99.030 toneladas ao mês. Mantida a média – que vem em queda – os embarques internacionais brasileiros alcançariam 1.188.360 toneladas no ano.
Senegal, Nicarágua, Venezuela, Gâmbia e Peru são os maiores clientes do Brasil de janeiro a julho deste ano, quando o cereal nacional já foi remetido para 63 nações. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que no ano comercial (março de 2016 a fevereiro de 2017) o Brasil exportará 1.1 milhão de toneladas.
Importações
Em contrapartida, as compras aumentam e alcançaram o maior volume do ano em julho: 103.587 toneladas. Em 2016 foram adquiridas pelo Brasil 470.103 toneladas, com média mensal de 67.157 toneladas. Mantida a média, o País importaria 805.884 toneladas no ano. O aumento mensal do volume internalizado, porém, poderá gerar um saldo negativo na Balança Comercial pela primeira vez desde a temporada 2009/10. A Conab estima, no ano comercial, uma importação de 1.3 milhão de toneladas.
Os maiores fornecedores de arroz para o Brasil são os parceiros do MERCOSUL: Paraguai, Uruguai e Argentina, por ordem de entradas. Os paraguaios venderam principalmente para São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro 283.544 toneladas, enquanto os uruguaios – com maior demanda do Nordeste – contribuíram com 100.600 toneladas. A Argentina colabora com 74.000 toneladas e, bem distante, a Guiana com 6.223 toneladas. No total o Brasil adquiriu arrozes de 16 origens, sendo que perto de 5.000 toneladas são de variedades direcionadas a nichos de mercado, como arbóreo, aromáticos como Jasmin e Basmati, grãos curtos e/ou coloridos.
Balança Comercial
Arroz (Base Casca)
Ano | Importação | Exportação | Saldo |
2010/11 | 825.4 | 2.089.6 | 1.264.2 |
2011/12 | 1.068.0 | 1.455.2 | 387.2 |
2012/13 | 965.5 | 1.210.7 | 245.2 |
2013/14 | 807.2 | 1.188.4 | 381.2 |
2014/15 | 503.3 | 1.362.1 | 858.8 |
2015/16 * | 1.300.0 | 1.100.0 | 200.0 |
* Estimativa Conab
Fonte: Conab – agosto de 2016
Fonte: Planeta Arroz