Com demanda e nova onda de calor prevista para os EUA, soja fecha com alta de dois dígitos

Os contratos futuros da soja registraram a sua segunda sessão consecutiva de alta e encerraram o dia com ganhos de mais de 12 centavos nos principais vencimentos na CBOT. O agosto/16 recuperou parte das perdas dos últimos dias e terminou o pregão cotado a US$ 10,10 ½ em alta de 17 centavos, enquanto o novembro/16 fechou cotado a US$ 9,86 o bushel, em alta de 12,25 centavos.

O foco principal do mercado futuro norte-americano permanece sobre o desenvolvimento da nova safra norte-americana e, principalmente, sobre as condições de clima nos Estados Unidos nesse momento. No entanto, as últimas previsões climáticas indicam a chegada no início de agosto, de um novo sistema de alta pressão, que pode elevar ainda mais as temperaturas no Corn Belt no mês chave para a cultura da soja.

Entretanto, o peso dessas condições pode atuar de maneira limitada sobre os preços, já que, segundo as últimas previsões, as chuvas para as regiões produtoras deverão continuar chegando.

“Os fundos especulam a possibilidade de uma nova onda de altas temperaturas no Meio-Oeste. Assim, a pergunta que vale alguns milhões é se essas temperaturas, já no início de agosto, voltarão a ficar acima da média”, disse Andrea Cordeiro, analista da Labhoro Corretora.

Segundo o consultor Ênio Fernandes, o mercado está atento não somente a esse calor intenso na reta final do desenvolvimento da safra americana, mas também a possibilidade de antecipação das geadas nos EUA e das incertezas climáticas para a nova safra da América do Sul que já causam especulações. No entanto, ele acredita que uma safra norte-americana cheia já estaria precificada no intervalo de US$ 9,50 a US$ 10,00 o bushel em Chicago.

Ainda nesta quarta-feira, o USDA divulgou a venda para a China de 131.000 toneladas de soja com volumes das safras nova e velha, o que ajudou a renovar o fôlego do mercado. A oleaginosa norte-americana, afinal, se mostra mais competitiva neste momento, atraindo, naturalmente, mais demanda.

Enquanto os prêmios pagos nos portos brasileiros ainda oscilam próximos dos US$ 2,00 por bushel acima das cotações da CBOT, no Golfo, os prêmios variam de US$ 0,78 a US$ 0,97 para as principais posições de entrega.

Mercado Nacional

Em consequências da forte alta em Chicago, os preços no Brasil também subiram e motivaram alguns novos negócios no Brasil. No entanto, apesar do avanço, a recuperação ainda foi insuficiente para devolver o ritmo normal do mercado nesse momento, segundo Camilo Motter, analista da Granoeste Corretora de Cereais.

“O produtor está capitalizado e ainda aposta no clima e no período de entressafra”, disse o analista. E essa aposta acontece com a demanda interna forte, com as indústrias locais ainda com a necessidade de matéria-prima em um cenário de baixa disponibilidade de produto neste momento.

Em Paranaguá, a saca da soja disponível subiu 3,05% para R$ 84,50, enquanto em Rio Grande a alta foi de R$ 1,25%, com a saca cotada a R$ 81,00. No mercado futuro, no terminal paranaense, a saca subiu 2,53%, cotada a R$ 81,00, enquanto no terminal gaúcho a alta foi de 0,64%, com a saca cotada a R$ 79,00.

Segundo o consultor, o Brasil possui apenas 15% da safra 2015/16 ainda para ser comercializada, com bons volumes já exportados – mais de 43 milhões de toneladas no acumulado de 2016 – e uma demanda interna aquecida. Para a safra nova, com aproximadamente 40% já comercializada, os negócios caminham de forma mais lenta, e os produtores aguardam por oportunidades mais favoráveis.

Milho: Postura dos produtores ainda direciona mercado e preços registram alta de até 7,5% no mercado interno 

Nesta quarta-feira (27), as cotações do milho no mercado interno registraram novas altas. Segundo levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, em Assis (SP), a saca subiu 7,50%, cotada a R$ 42,01. Em Araçatuba (SP) e Ponta Grossa (PR), a saca subiu 7,14%, cotada a R$ 43,96 e R$ 45,00, respectivamente.

Em Sorriso (MT), a alta foi de 3,03%, com a saca cotada a R$ 34,00. Já em Cascavel (PR), a alta foi de 2,74%, com a saca cotada a R$ 37,50. Ainda no Paraná, em Ubiratã e Londrina, a alta foi de 1,35%, com a saca cotada a R$ 37,50. No Oeste da Bahia, a saca subiu 1,04%, cotada a R$ 48,50.

Em Paranaguá, a saca para entrega em setembro/16 encerrou cotada a R$ 33,00, em alta de 3,13%. Nas demais praças o dia foi de estabilidade.

Segundo os analistas, a postura de retração dos produtores é o fator que tem dado sustentação aos preços do cereal. Muitos agricultores têm negociado somente o necessário. Na outra ponta, os consumidores retornaram ao mercado, o que também contribui para a firmeza do mercado, conforme divulgou o CEPEA nessa semana.

Além da decisão dos produtores, os especialistas ainda reforçam que as exportações também serão determinantes para o direcionamento dos preços. Os embarques ainda estão mais lentos, uma vez que as cotações praticadas no mercado interno estão acima da paridade para exportação, o que inviabiliza o fechamento de novos negócios.

Safrinha

Enquanto isso, os produtores seguem com a colheita da segunda safra no Brasil. No Paraná, a colheita já está completa em 60% da área cultivada e as perdas devem superar os 15%. O presidente da Aprosoja Paraná, José Sismeiro, ressalta que as perdas podem ficar acima do esperado, “porque inicialmente haviam muitas lavouras que no visual estavam boas, porém com a colheita percebemos que o grão não tem peso”.

Em Goiás, a quebra pode ficar acima de 40%. A expectativa inicial era de uma safra ao redor das 8 milhões de toneladas. Porém, com as adversidades climáticas, a nova estimativa é de uma safra de 4.9 milhões de toneladas.

Com 65% da área colhida até o momento, o assessor técnico da FAEG (Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás), Cristiano Palavro, reforça que a quebra ainda pode ser maior. “Isso porque, os resultados tendem a piorar de agora em diante, uma vez que as lavouras cultivadas tardiamente foram as mais afetadas pelo clima mais seco”, disse.

Diante desse quadro, a perspectiva é que a produtividade média das lavouras fique próxima de 65 sacas por hectare nesta temporada. “O rendimento está bem abaixo da estimativa de 110 sacas por hectare. De um modo geral, todas as lavouras tiveram resultados inferiores ao potencial produtivo. E, podemos destacar que o sul do estado foi mais afetado, especialmente as regiões de Goiatuba, Bom Jesus de Goiás e Itumbiara”, disse Palavro.

BM&F Bovespa

Na BM&F Bovespa, os contratos futuros do milho fecharam em leve alta. Os principais vencimentos exibiram altas de 0,11% e 1,01%. O vencimento setembro/16, referência para a safrinha, fechou cotado a R$ 48,80/saca. Já o janeiro/17 fechou cotado a R$ 49,80/saca.

Bolsa de Chicago

Após as quedas recentes, os contratos futuros do milho negociados na CBOT esboçaram uma reação e encerraram o pregão em ligeiras altas. Os principais vencimentos registraram ganhos de 2,75 e 3,50 centavos. O vencimento setembro/16 fechou cotado a US$ 3,35 ¾ e o dezembro/16 a US$ 3,43 o bushel.

O mercado passou por um ajuste depois das quedas registradas nos últimos dias. E, diante do andamento da safra norte-americana, o mercado mantém as suas atenções voltadas ao clima no Meio-Oeste dos Estados Unidos. Isso porque, as lavouras ainda estão no período crítico de desenvolvimento que é a polinização.

“Viajando pelos EUA ao longo das últimas semanas, temos visto um monte de milho plantado e a maior parte dele está em boa forma. Atualmente, as culturas sofrem com o calor, mas as previsões longas ainda indicam algumas chuvas. Portanto, ainda poderemos ter rendimentos acima dos estimados pelo USDA”, informou o Rabobank.

Para essa safra, o USDA estimou a safra norte-americana em 369.34 milhões de toneladas. Já a produtividade está estimada em 177,8 sacas por hectare.

O banco internacional ainda reforça que o tamanho da safra irá impactar os estoques finais norte-americanos, apesar de uma perspectiva favorável em relação às exportações do cereal. “Com isso, podemos ter preços ao redor dos US$ 3,00 por bushel este ano”, divulgou a instituição em nota.

O USDA anunciou hoje a venda de 247.912 toneladas para destinos desconhecidos.

 

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