O semestre se encerrou com números negativos para as exportações de arroz brasileiro. De janeiro a junho deste ano, o país teve queda em valores de 6,73% nas vendas ao mercado externo no comparativo com os seis primeiros meses de 2015 (US$ 151.6 milhões em 2016 contra US$ 162.6 milhões em 2015).
O arroz beneficiado (com maior valor agregado) teve a maior queda: menos 44,81% em valores no período. As informações são da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), com análise da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz).
Entidade e empresários analisam que este desempenho insatisfatório ancora-se em uma série de fatores que têm elevado excessivamente o custo do arroz brasileiro para o mercado internacional. Entre esses fatores estão a taxa cambial, a redução da safra brasileira e a elevação dos preços da matéria-prima.
“Tivemos um ano atípico, com prejuízos na colheita e aumento do valor do arroz em casca para indústria. Isso está deixando o Brasil muito menos competitivo; nossos preços, hoje, não têm como concorrer no mercado internacional”, afirma Caroline Spellmeier, gerente de exportação da empresa Arrozeira Adib Peixoto e diretora da Noble Comércio Exterior.
Essa situação, segundo Caroline, é especialmente prejudicial neste momento em que o Brasil alcança um estágio de consolidação comercial e de imagem junto aos compradores internacionais.
“Viemos trabalhando a exportação com muita dedicação nos últimos três anos e chegamos ao ponto de conquistar mercados cativos e importantes. É muito ruim para a imagem do País entrar e em seguida sair do mercado; acaba sendo uma perda de todo o trabalho que fizemos”, diz, Caroline, que menciona como possíveis saídas para este problema a desoneração de impostos para a importação de arroz.
Diretor comercial da Cooperja, Rodrigo Veiga cita que o Brasil não tem acompanhado os preços do setor em nível mundial: enquanto nos últimos 60 dias o arroz beneficiando no mercado internacional teve seu valor elevado em US$ 80,00 por tonelada, o valor do mesmo produto a partir do Brasil subiu mais de US$ 150,00.
“O mercado internacional reagiu, mas nossa alta é maior do que os clientes podem absorver”, disse. Para ele, as perspectivas positivas baseiam-se no câmbio para mudar a competitividade do arroz brasileiro ainda este ano.
Apesar da queda expressiva das exportações registradas no semestre, há bons resultados a destacar, conforme a Abiarroz. Peru e Estados Unidos têm apresentado números positivos tanto em valores como volumes.
Para o Peru, foram vendidas 33.800 toneladas de arroz brasileiro em 2016, contra 23.900 toneladas em 2015, com faturamento de US$ 17.7 milhões neste ano (contra US$ 12.6 milhões no ano passado).
Para os Estados Unidos, as toneladas exportadas subiram de 7.500 no primeiro semestre de 2015 para 10.500 em 2016.
As ações do projeto Brazilian Rice – uma parceria entre a Abiarroz e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para o incentivo às exportações de arroz beneficiado – têm participação relevante neste panorama de crescimento em mercados estratégicos.
Fonte: Notícias Agrícolas