Demonstrar que a utilização de pequenos veículos aéreos não tripulados pode reduzir o impacto ambiental no campo, além de contribuir para aumentar a produtividade das culturas agrícolas, é a principal proposta do “Programa de Desenvolvimento de Tecnologias para o Uso em Drones para Agricultura Precisão”, voltado para pequenos produtores no Brasil.
O lançamento do trabalho foi feito no último dia 30 de junho, pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Instrumentação, Ladislau Martin Neto, na unidade da estatal que funciona no município de São Carlos (SP). O trabalho será executado em parceria com a Qualcomm Wireless Research e o Instituto de Socioeconomia Solidária (ISES).
Segundo Neto, “o programa desenvolverá um sistema de bordo inteligente, pelo qual o drone transmite ao agricultor, via celular, informações em tempo real sobre a sanidade da lavoura”. “Assim, é possível detectar com precisão focos de pragas, estresse hídrico, déficit de nutrientes, danos ambientais, entre outros problemas.”
De acordo com o programa, a prioridade é ter o protótipo de um drone de baixo custo para agricultura de precisão, até maio de 2017. A ideia é que parte do processamento das imagens possa ser feita em tempo real, pelo próprio veículo não tripulado, aproveitando um processador embarcado da Qualcomm e enviado via 4G para um smartphone ou tablet do agricultor.
TESTES
O protótipo será testado durante dois anos, por um grupo de agricultores familiares selecionados pelo projeto. Após este período, o coordenador das pesquisas com drones na Embrapa Instrumentação, Lúcio André Jorge, diz que a expectativa será lançar, comercialmente, uma solução que englobe tanto o drone quanto os softwares, a um preço próximo de R$ 5 mil.
“Para que seja acessível aos pequenos agricultores, provavelmente, será necessária a oferta de um modelo de negócios de drones como serviço”, prevê Jorge.
Depois do desenvolvimento de sistemas de bordo para drones, serão realizados testes de campo com os dispositivos e avaliações sobre seus impactos socioeconômicos. “Desta forma, vamos comprovar que os drones podem permitir a adoção de medidas imediatas em favor do meio ambiente, reduzindo ainda a consequência negativa das mudanças climáticas”, defende o coordenador das pesquisas com veículos não tripulados.
DEMOCRATIZAÇÃO DA TECNOLOGIA
Para o presidente da Qualcomm para a América Latina, Rafael Steinhauser, além dos altos custos e da necessidade de técnicos e operadores especializados, atualmente, o uso de computadores de alta capacidade faz com que os drones se tornem inacessíveis para a grande maioria dos agricultores brasileiros.
“Nossa ideia é produzir drones inteligentes e funcionais, que estejam ao alcance dos pequenos produtores. Queremos democratizar as informações e as tecnologias para aqueles que, de fato, representam a maior fatia deste setor produtivo”, salienta.
Em sua opinião, com o aumento da demanda por alimentos no mundo, a agricultura de precisão se tornará cada vez mais importante e, neste sentido, a tecnologia dos drones será uma ferramenta fundamental, especialmente em países de extensão continental como o Brasil.
“Esperamos resultados expressivos para o aumento da competitividade e da sustentabilidade da atividade agropecuária no País”, ressalta o presidente da Qualcomm para a América Latina.
“Há um grande potencial para a utilização dos drones na agricultura, e isto precisa ser explorado”, reforça o pesquisador Lúcio André Jorge. Segundo ele, os pequenos veículos não tripulados não são a única solução para os problemas que os produtores enfrentam com as lavouras, mas será uma ferramenta extremamente importante para este processo.
“Esta parceria é uma grande oportunidade para que possamos, juntos, aprender e adequar essa tecnologia para a agricultura familiar, já que ela responde por cerca de 70% do que é consumido no País”, afirma Marcela Cardo, diretora do Instituto de Socioeconomia Solidária (ISES), entidade também parceira do projeto, ao lado da Embrapa Instrumentação e da Qualcomm.
Por equipe SNA/SP