O agronegócio tem um grande peso no comércio internacional, pois responde por mais de 40% das exportações e mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) e dá sustentação à balança de pagamento. A constatação foi feita pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, na abertura do encontro internacional Global Agribusiness Forum (GAF 2016), realizado nos dias 4 e 5 de julho, em São Paulo.
Durante seu discurso, ele destacou a necessidade de o Brasil ampliar e reajustar acordos internacionais, para potencializar o agronegócio nacional e reduzir tributos sobre as exportações.
“O sistema tributário brasileiro continua onerando as exportações. Precisamos diminuir o custo Brasil”, salientou Serra, acrescentando ser preciso buscar economias com forte perfil importador, de variados produtos brasileiros, como forma de alinhar acordos comerciais que possam abrir novas oportunidades para o País.
O ministro das Relações Exteriores ainda mencionou as oportunidades trazidas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). “Um dos focos é a China, tanto que criamos departamentos específicos, na Apex e no Ministério da Agricultura, para cuidar deste mercado”, informou.
MAPA
Ampliar a participação do agronegócio brasileiro no mercado internacional – de 7% para 10% –, nos próximos cinco anos, é uma das prioridades do ministro Blairo Maggi, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Para cumpri-la, terá de enfrentar alguns desafios, segundo ele próprio afirmou, na abertura do encontro internacional.
“A ideia do GAF é fazer mais com menos, e é isso que temos de implementar no agronegócio brasileiro”, ressaltou Maggi, lembrando que a agricultura não é despesa e, sim, investimento. “O saldo da balança comercial mostra que há espaço para a agricultura e o governo precisa atentar para isso”, comentou.
“Estamos limpando a pauta e trabalhando para ampliar a participação dos produtores rurais nas decisões do governo”, disse Maggi, admitindo que o governo federal não tem dinheiro para novas medidas. Por isto, ele espera que as mudanças ocorram por meio de decisões e atitudes políticas.
“Uma das metas primárias do Mapa é diminuir a burocracia e simplificar as regras em todos os setores da agricultura”, destacou Maggi. “Estamos fazendo várias reuniões neste sentido”, acrescentou ele, informando ter recebido “carta branca” do presidente da República em exercício, Michel Temer.
O ENCONTRO
Em dois dias de encontro, o GAF 2016 reuniu mais de 1,4 mil pessoas, envolvendo empresários, representantes do agronegócio e políticos. Além de Temer, também estiveram presentes o ministro das Relações Exteriores, José Serra, e o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, entre outros.
“Serão necessários dois anos e meio para fazer com que a economia nacional volte a se estabilizar”, reforçou o presidente em exercício, na abertura do evento. “Pegamos o País em um momento muito difícil e, em 47 dias de governo, já realizamos muitas coisas como, por exemplo, estabelecer a conexão entre o Legislativo e o Executivo.”
Ele também afirmou que fazer a reprogramação das dívidas deu um “respiro” para as federações e ressaltou que, para que esta medida tenha resultados, deve haver uma contrapartida. “É preciso que os Estados também limitem seus gastos.”
Outro ponto importante analisado por Temer foi a necessidade de o Brasil reconquistar a credibilidade do mercado lá fora. “O investidor externo está aguardando uma definição política para voltar a investir no Brasil.”
INICIATIVA PRIVADA
Na opinião do presidente do GAF, Cesário Ramalho, o agronegócio nacional tem de trabalhar o máximo para depender o mínimo do governo. “Um dos graves problemas é que o governo brasileiro cresce mais do que a iniciativa privada, mas este panorama tem de ser revertido.”
Segundo ele, durante muito tempo “a sociedade ficou calada”, enquanto isto ocorria. “O agronegócio tem de mostrar a competência da iniciativa privada. O presidente da República em exercício falou isto aqui e apoiou a iniciativa privada”, reforçou Ramalho.
“Ouvimos também o presidente Temer declarar que não será candidato em 2018 e que, em sua gestão, fará algumas reformas indigestas. Mas esta é a realidade e precisamos estar preparados, pois o governo não deve correr riscos, principalmente nas áreas de segurança, saúde e educação”, declarou o presidente do Global Agribusiness Forum. “Os empresários brasileiros são agressivos e, mesmo correndo este risco, querem ir em frente. Acho que estamos em um bom caminho”, acrescentou.
Ele ainda comentou sobre a presença do ministro da Agricultura, Blairo Maggi. “Tivemos, aqui, o ministro da Agricultura, bastante focado e consciente, demonstrando que o perfil dele é exatamente este, o que nos agrada muito”, elogiou.
Em sua opinião, assim como a agricultura brasileira, o GAF é um grande projeto que vem crescendo, se desenvolvendo, se consolidando e ganhando maturidade: “A importância de um evento como este é que ele sinaliza coisas, nos faz pensar e ter nova consciência”.
Ramalho também destacou a presença de 1,4 mil pessoas no GAF 2016, em sua maioria líderes do setor agropecuário vindo de diversas regiões brasileiras: “Estamos falando de um evento global, que despertou o interesse de gente de todos os lugares”.
MANIFESTO
Durante o GAF 2016, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Claudio Paranhos, apresentou um manifesto favorável ao governo de transição do presidente Michel Temer. O documento, que foi assinado por 46 entidades do agronegócio, destaca a importância do setor produtivo na geração de divisas, emprego, renda e estratégias para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
Por equipe SNA/SP