Setor sucroenergético lamenta retirada do etanol e açúcar de acordo comercial com UE

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) reagiu com grande indignação sobre a troca de ofertas, que ocorreu no âmbito das negociações de acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, no último dia 11 de maio. A entidade critica a exclusão inicial do etanol, bem como do açúcar, da oferta apresentada pela União Europeia (UE), mas espera uma mudança deste cenário no decorrer do processo de negociação, pois a decisão não é final.

A expectativa da entidade é baseada em fatores econômicos e ambientais, em função dos amplos benefícios que serão trazidos tanto para o Mercosul quanto para a UE. Em relação ao etanol, é consenso que o biocombustível de cana-de-açúcar reduz a emissão de CO2 em até 90% se comparado com a gasolina (ciclo completo de produção), o que teria papel fundamental para que o bloco europeu atinja suas ambiciosas metas climáticas de redução de emissões de carbono no setor de transporte assinadas durante a COP21, a Conferência do Clima realizada no ano passado, em Paris.

Dessa maneira, excluir o biocombustível brasileiro da oferta está em completa contradição com a estratégia adotada pela União Europeia. É importante ressaltar ainda que a inclusão do etanol de cana no acordo daria ao setor sucroenergético brasileiro mais competividade para as exportações direcionadas à região, que hoje são muito baixas devido à alta taxa existente, que é de 0,19 euros/litro. Por conta disso, mesmo sendo o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, o Brasil fornece menos de 2% do etanol utilizado na Europa.

“Foi com grande decepção que constatamos a exclusão do etanol na proposta da UE. O entendimento era o de que a proposta apresentada em 2004, e que já contemplava o etanol, deveria ser considerada um piso para as negociações atuais. Ou seja, a expectativa era a de que a oferta atual deveria ser ainda mais ambiciosa do que aquela feita há 12 anos pelo bloco”, afirma a presidente da Unica, Elizabeth Farina.

O açúcar brasileiro, por sua vez, ainda sofre uma tarifa de importação absolutamente proibitiva, da ordem de 98 euros por tonelada, o que faz com que o produto represente menos do que 3,5% do volume consumido no continente. Dada a importância do setor para a economia brasileira, geração de 1 milhão de empregos diretos e aumento da renda em mais de 20% dos municípios do País, há uma grande expectativa de que o produto seja contemplado no acordo ao longo do processo de negociação entre as duas regiões, o que deve acontecer nos próximos meses.

O futuro acordo deveria reforçar os laços entre os blocos econômicos no setor de etanol e açúcar, que conta com forte investimento de grandes companhias internacionais. Para a UE, o aumento das importações do açúcar e do etanol de cana via MERCOSUL abriria uma excelente oportunidade de colaboração e desenvolvimento tecnológico de um biocombustível altamente sustentável, resultando em relevantes benefícios socioambientais e econômicos. A UNICA já manifestou esta preocupação ao governo brasileiro e espera um papel atuante dos representantes para um bem-sucedido acordo, que contemple os interesses do setor e do País.

 

Fonte: Unica

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