Conilon sente impacto da seca
Na terça-feira, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) divulgou nota de acompanhamento sobre o início da colheita do café conilon no Brasil e, em linha com o que o CNC tem manifestado, alertou para a quantidade de grãos menores que o normal em função da estiagem nos períodos de formação e desenvolvimento dos frutos.
A redução no tamanho dos grãos faz com que sejam necessários mais cafés para o enchimento de uma saca, o que comprometerá significativamente a produtividade do robusta no Brasil, principalmente no Estado do Espírito Santo, que há três anos sofre com as adversidades climáticas. A instituição informou que, por se tratar “dos primeiros cafés (precoces) colhidos, em alguns casos mais extremos, produtores apontam que vem sendo necessárias até duas vezes mais grãos para se completar uma saca de 60 kg que em anos anteriores”.
O CEPEA também comunicou que o atual cenário dos grãos de conilon demanda mais trabalho dos catadores, que levarão mais tempo para preencher a saca. “Em consequência, produtores reajustaram o valor pago por esse trabalho, mesmo num contexto de maior disponibilidade de mão de obra. Com a evolução da safra, no entanto, pode aumentar o número de trabalhadores e a remuneração por saca vir a diminuir. Em geral, a expectativa de muitos cafeicultores do Espírito Santo é de que o dispêndio com a colheita seja semelhante ao do ano passado”, explicou o CEPEA, recordando que a remuneração é por sacas colhidas.
Salário e custos de produção
Conforme o CNC mencionou no contexto de seu balanço semanal de 5 de fevereiro (veja em http://www.cncafe.com.br/site/interna.php?id=11773), a elevação do salário mínimo em 2016, aliada aos encargos trabalhistas, deveria impactar ainda mais os custos de produção da cafeicultura brasileira, em especial nos sistemas produtivos manuais, onde os gastos com mão de obra respondem por até 60% das despesas totais.
Essa informação foi corroborada, nesta semana, pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil no boletim Ativos do Café, que é elaborado em parceria com a Universidade Federal de Lavras. As instituições apuraram que o aumento do salário mínimo provocou “altas no Custo Operacional Efetivo, que engloba as despesas do dia a dia da atividade e o pró-labore, de 4,05%, em média, para a variedade arábica e 5,70% para o conilon, com o novo valor vigente desde janeiro, de R$ 880”.
Por fim, destacou-se que os maiores impactos foram observados nas propriedades que adotam o sistema manual de colheita, principalmente para a variedade arábica, cuja elevação média foi de 6,34%, ou R$ 27,00 a mais por saca de 60 kg.
Mercado
Os contratos futuros do café sustentaram a inclinação positiva no início desta semana, seguindo o comportamento de grande parte das commodities. Indicadores técnicos e o enfraquecimento da moeda norte-americana favoreceram essa tendência.
Ontem, o dólar comercial fechou cotado a R$ 3,5283, em alta de 0,2% em relação ao fechamento da última sexta-feira. O cenário político doméstico associado ao ambiente macroeconômico externo tem favorecido o fortalecimento do real, movimento que tem sido abrandado por rotineiras intervenções do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio, por meio dos swaps reversos.
Na ICE Futures US, o vencimento julho do Contrato C foi cotado, nesta quarta-feira, a US$ 1,2870 a libra-peso, em alta de 385 pontos na comparação com o fechamento da semana anterior. O vencimento julho do contrato futuro do robusta, negociado na ICE Futures Europe, encerrou o pregão de hoje cotado a US$ 1.578,00 a tonelada, com valorização de US$ 26,00 em relação a sexta-feira passada.
No mercado físico nacional, o volume de negócios foi fraco devido aos preços encontrarem-se aquém das expectativas dos vendedores. Os indicadores calculados pelo CEPEA para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 468,32/saca e a R$ 379,75/saca, respectivamente, com variação de 1,4% e 0,4% em relação ao fechamento da semana anterior.
Fonte: CNC