No dia 31 de março encerrou-se a safra 2015/2016 de cana-de-açúcar. Na solenidade de abertura oficial da nova safra, a 2016/2017, a Biosul – Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul apresentou os dados da produção do setor no Estado.
Safra 2015/2016
Produção
O que mais influenciou a safra que se encerrou foi a chuva, acima das médias históricas em quase todo o período de colheita.
O primeiro impacto desse fenômeno foi o período de safra. Atrasadas em sua produção, muitas usinas entenderam sua moagem, chegando em muitos casos até março. Cerca de 10% da safra foi performado no período em que normalmente se dá a entressafra das usinas.
20 unidades operaram neste período. Todas produzem etanol, 11 produzem também açúcar e 12 exportam bioeletricidade excedente.
O volume total de cana-de-açúcar processada foi de 48,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, um volume que ainda não havia sido atingido no Estado. O índice de crescimento com relação à safra anterior é de 13%. A região Centro/Sul, onde está concentrada cerca de 90% da produção nacional, cresceu 6,6%. Mato Grosso do Sul manteve-se na posição de quarto maior estado brasileiro na moagem de cana.
O setor recuperou a produtividade agrícola, atingindo a média de 89.3 toneladas por hectare. No entanto, a produtividade industrial, aferida pela quantidade de sacarose contida na cana, continua abaixo da média, com 126.47 quilos por tonelada de cana.
A produção de açúcar, afetada negativamente pelas chuvas, foi de 1.31 milhão de toneladas, volume 2,3% menor que safra anterior. A região Centro Sul também recuou, com 3,34%. 76% do açúcar produzido foi do tipo VHP, destinado à exportação, 20% do tipo cristal e 4% refinado.
A produção de etanol superou a da safra passada em 15,26%. Foram produzidos 707 milhões de litros de etanol anidro, 2.1 bilhões de etanol hidratado, totalizando 2.812 bilhões de litros do biocombustível. Na região Centro/Sul a produção do combustível verde cresceu 6,6%.
O mix de produção foi mais voltado a etanol que o previsto, com 78% da matéria-prima destinada à produção do combustível verde.
Foram exportados para o Sistema Integrado Nacional, 2.441GWh de bioeletricidade gerada através da queima do bagaço da cana, um crescimento de 29%. O MS é um dos estados mais avançados no aproveitamento da biomassa da cana para conversão em bioeletricidade.
Empregos
O setor sucroenergérico emprega 26.000 pessoas no MS, com o terceiro melhor salário médio da indústria (R$ 2.356,00) e o maior salário médio da agricultura do Estado (R$2.086,00). A massa salarial, que representa a soma de todos os salários pagos aos trabalhadores durante o ano, é a maior da indústria e a segunda maior entre todos os setores da nossa economia.
Consumo de combustíveis
No ano de 2015, o consumo de etanol no Estado cresceu 48,45%, acima do crescimento nacional de 37,35%.
Ainda em 2015, o consumo de gasolina diminuiu 7,9%, contra uma redução de 7,29% no País.
Ainda assim, no mercado de Ciclo Otto (carros que consomem gasolina, etanol ou ambos), a gasolina ainda predomina, com 70% de participação.
Considerando que a gasolina contém 27% de etanol anidro, temos as seguintes participações: Etanol Hidratado 30%, Etanol anidro 19% e gasolina A (pura) 51%.
Primeira estimativa de produção – Safra 2016/2017
A previsão da Safra 2016/2017 indica uma disponibilidade de 52,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, um aumento de 7,3% com relação à safra anterior.
Na produtividade industrial, também se espera aumento, com maior teor de sacarose na cana da nova safra, com ATR/TC (açúcares totais recuperáveis por tonelada de cana) passando de 126.47 quilos de para 129, aumento de 2%.
Sem problemas climáticos, como as geadas e as chuvas das safras passadas, deve haver recuperação na produção de açúcar, deve chegar a 1.9 milhão de toneladas, aumento de 44,83%. O MS já havia chegado a produzir 1.74 milhão de toneladas na safra 12/13 e recuou para os 1.3 milhão de toneladas da safra passada.
Com a recuperação da produção de açúcar a previsão é de que o volume de etanol a ser produzido permaneça estável, com 2.820 bilhões de litros, sendo 2.020 bilhões para etanol hidratado e 800 milhões de litros para o etanol anidro.
As unidades do MS continuarão destinando a maior parte de sua produção para o etanol, a estimativa para o mix da safra 2016/2017 será de 70% da cana-de-açúcar destinada para etanol e 30% para a produção de açúcar.
Na cogeração de bioeletricidade, o excedente exportado deverá chegar a 2.685 GWh, 10% a mais que a safra passada.
Segundo Roberto Hollanda, Presidente da Biosul, “o excesso de chuvas deu a tônica da safra 2015/16, com unidades em operação durante os 12 meses do período para corrigir o atraso nas suas operações. A chuva também atrapalhou a produção de açúcar e a qualidade da matéria-prima.
Para a nova safra a expectativa é de continuar o crescimento da produção sucroenergética, recuperar a qualidade da cana e a produção de açúcar, torcendo para o clima não atrapalhar.
No entanto, não se deve deixar o crescimento da produção mascarar um momento difícil para o setor. “Foram anos sofrendo com políticas públicas equivocadas por parte do governo federal que nos levaram a um momento de crise.”
Fonte: Agrolink