Investimentos em três hidrovias no Norte do país – nos rios Madeira, Tapajós e Tocantins – prometem gerar maior competitividade ao agronegócio brasileiro, reduzindo distância e custos para o escoamento de grãos e suprimento de fertilizantes e outros insumos.
Estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) indicam que o transporte de soja e milho do Centro-Oeste, hoje feito principalmente por rodovias até os portos do Sul e Sudeste, apresenta um custo médio de US$ 135,00 a tonelada. Valor que pode ser reduzido para US$ 80,00 a tonelada com a utilização da infraestrutura hidroviária e portuária do Norte.
No momento, o principal desenvolvimento em infraestrutura hidroviária ocorre no Tapajós, onde por volta de R$ 2 bilhões estão sendo investidos por um conjunto de empresas como Odebrecht, Bertolini, Cianport, Hidrovias do Brasil, Cargill, Bunge, Dreyfus, Chibatão, Brick Logística e Amaggi. Um total de onze terminais portuários estão sendo erguidos em Miritituba e Santarém que darão suporte ao transporte de grãos por meio de barcaças até Barcarena.
A expectativa é que a infraestrutura portuária esteja em plena atividade ao longo de 2017. Mas o corredor logístico, que ligará a produção agrícola do Mato Grosso ao Atlântico pelo Norte, ainda aguarda o asfaltamento da BR-163 e a construção de uma ferrovia ligando Lucas do Rio Verde (MT) à Itaituba (PA), onde está localizado o porto de Miritituba.
Adnan Demachki, secretário de Desenvolvimento Econômico do Pará, estima que a infraestrutura movimentará cerca de 20 milhões de toneladas de soja por ano e diz que o Estado planeja apoiar investimentos privados que agreguem valor a parte dessa soja por meio de transformação industrial no Estado. “Só assim vamos transformar essa riqueza, que será transportada pelo Estado, em oportunidade de emprego e renda”, disse.
No Pará, a expectativa é que também a hidrovia Araguaia Tocantins ganhe impulso, mas para isso é necessário o derrocamento do pedral do Lourenço, a retirada de um conjunto de pedras em Itupiranga (PA) que se estende por quase 43 km ao longo do rio Tocantins e que impede a hidrovia ser um modal confiável para o escoamento de grãos do Norte e do Centro Oeste.
O derrocamento foi iniciado em 2010, após o governo federal investir R$ 1.6 bilhão na construção de eclusas na usina de Tucuruí e foi interrompido em 2011 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), por problemas licitatórios.
Na hidrovia Madeira/Amazonas, o grupo Amaggi investe R$ 370 milhões em infraestrutura para o escoamento de sua produção em Mato Grosso e de terceiros. Em 2015 inaugurou em Porto Velho (RO) o Porto Chuelo, com capacidade para 1.5 milhão de toneladas por hora. O armazenamento é feito em quatro silos, que comportam 80.000 toneladas. Mas até 2020 serão 12 silos em funcionamento.
O Grupo Amaggi já utilizava a hidrovia Madeira/Amazonas antes mesmo desses investimentos, tendo transportado 3.5 milhões de toneladas de grãos em 2015. Jorge Zanatta, diretor da Amaggi Navegação, diz que em 2016 serão transportados pela hidrovia 4.3 milhões de toneladas de grãos, volume que deverá chegar a 5 milhões de toneladas no ano seguinte.
Fonte: Valor Econômico