Carne de frango e milho: receitas cambiais desproporcionais ao volume

Nem minério de ferro, nem petróleo, nem soja. No primeiro bimestre de 2016 a grande vedete das exportações brasileiras no campo das commodities foi o milho, cujo volume embarcado – mais de 9.8 milhões de toneladas – apresentou aumento de, praticamente, 130% sobre o mesmo período de 2015.

Surpreendente, na medida em que as demais commodities obtiveram aumento modesto de volume, quando não alguma redução. Os embarques de carne de frango in natura, por exemplo, aumentaram 11,5%, menos de um décimo do acréscimo de volume do milho.

É provável, no entanto, que as exportações de carne de frango teriam expansão maior não fosse o custo nelas embutido a partir do incremento das exportações de milho – processo que dolarizou as transações do grão e hoje dificulta não só as vendas externas da carne de frango (frente às incertezas, quem vai fechar novos negócios?), mas também (ou sobretudo) sua colocação nesse exaurido mercado interno.

E, no entanto, a resposta cambial proporcionada pelo milho está muito aquém de seu volume – ou seja: é mais um item de exportação sem agregação de valor. Basta observar que enquanto o volume exportado foi 1.600% superior ao da carne de frango (9.8 milhões de toneladas contra apenas 574.000 toneladas do frango), a diferença de receita entre os dois não foi muito além dos 100% (US$1.627 bilhão contra US$777 milhões).

Não – fique claro – que haja qualquer posição contra as exportações de milho. Muito pelo contrário. Pois só assim o País passará a produzir mais que os atuais 80 milhões de toneladas anuais (modestos, por exemplo, frente aos cerca de 350 milhões de toneladas anuais dos EUA).

Mas algo precisa ser feito visando aos produtos que, tendo como matéria-prima básica o milho, podem agregar valor ao grão. Caso do frango, por exemplo.

O gráfico abaixo mostra que o item de frango de menor preço exportado pela avicultura em 2015 (estranhamente, os cortes, que sempre tiveram valor superior ao do frango inteiro) alcançou valor médio correspondente a 9 (nove) vezes o mesmo volume de milho. Ou quase 15 (quinze) vezes a mais no caso dos industrializados de frango.

Vale a pena setor exportador e governo dedicarem-se a esse assunto.

 

 

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Fonte: AviSite

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