Minhocas também são indicadoras de contaminação dos solos

Minhocas da espécie Jenoscalex paulus em pastagem de Bandeirantes, Paraná. Foto: Shutterstock.

O solo abriga e sustenta uma infinidade de organismos e todo um ecossistema que pode ser afetado por poluentes (agrotóxicos, metais pesados etc.) nele depositados. Por isso, os métodos de avaliação da qualidade do solo são cada vez mais necessários para o monitoramento ambiental e a prevenção de desastres.

Os oligoquetas (minhocas e enquitreídeos) têm sido amplamente usados como indicadores de contaminação do solo e protocolos-padrão Internacional foram desenvolvidos para espécies de clima temperado. Porém, esses testes devem ser adaptados à realidade brasileira (temperatura, substratos, espécies), para que gerem respostas mais realistas sobre a contaminação.

Atualmente, no Brasil, apenas o teste agudo e de fuga (ou rejeição) com minhocas foram incluídos nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Existem outros testes que são igualmente importantes, mas ainda não foram padronizados e adaptados para as condições brasileiras.

Existem várias iniciativas de uso desses animais em diversos testes ecotoxicológicos no país, como indica o estudo dos pesquisadores Cintia Niva, George Brown e Jörg Römbke.

  • Ensaio de ecotoxicidade aguda: esse ensaio avalia o efeito do solo contaminado sobre a mortalidade de oligoquetas após duas semanas, e tem sido utilizado com minhocas para determinar a toxicidade de agrotóxicos no solo para fins de registro. Entretanto, muitas vezes, os contaminantes presentes no solo podem não matar, mas causar alterações no desenvolvimento, crescimento e reprodução dos organismos que nele vivem, e ainda serem acumulados no corpo e transferidos para outros organismos que se alimentam deles. Por isso, se desenvolveram outros ensaios.
  • Ensaio de ecotoxicidade crônica: avalia o efeito de concentrações subletais de contaminantes sobre a reprodução de oligoquetas. Nesse caso, o número de juvenis gerados ao final de um período mais prolongado de exposição (4 a 8 semanas) é comparado entre solo contaminado e não contaminado.
  • Ensaio de bioacumulação: calcula a capacidade de um oligoqueta acumular um determinado contaminante ao longo do tempo. Esse ensaio é especialmente importante para avaliar se o contaminante poderá afetar a cadeia alimentar do ecossistema.
  • Ensaio de fuga: esse ensaio estima rapidamente a capacidade das minhocas de escolher entre um solo contaminado ou não contaminado, e tem mostrado boa sensibilidade no diagnóstico da qualidade do solo.

 

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Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 708/2015

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