Na sessão desta terça-feira (23), os contratos futuros da soja fecharam em baixa de mais de 10 centavos na CBOT. Segundo analistas, os fundos venderam e pesaram sobre as cotações de forma bastante severa, fazendo com que os preços perdessem alguns suportes importantes.
O primeiro vencimento – março/16 – fechou o dia cotado a US$ 8,69¼ o bushel, após terminar o pregão anterior acima dos US$ 8,80, enquanto o maio/16, referência para a safra do Brasil, fechou cotado a US$ 8,73.
Além dos contratos futuros dos grãos, os contratos futuros do farelo e do óleo de soja também perderam força e as quedas nos derivados atuaram como catalisadores para o recuo do complexo de uma forma geral. As perdas superaram 1%.
“A pressão de venda foi maior no óleo, que recuou mais de 1% nesta terça-feira, rompendo suportes técnicos importantes como a média móvel de 21 dias. O quarto pregão seguido de queda dos contratos futuros do óleo de palma pressionam o mercado dos óleos vegetais”, disseram os executivos da Agrinvest Commodities. “Os fundos foram fortes vendedores na CBOT, buscando reduzir a posição comprada de mais de 46.000 contratos de óleo de soja”.
O mercado futuro da soja acompanhou as quedas registradas na maioria das commodities nesta terça-feira, com uma maior aversão ao risco novamente tomando conta do mercado financeiro global, que ainda sofre com a falta de um horizonte bem definido em importantes economias do globo como China – e seu nível de crescimento ou o novo modelo que será adotado daqui em diante – ou Estados Unidos – e o futuro da sua taxa de juros.
Nesse quadro, os contratos futuros do petróleo, por exemplo, recuaram mais de 4% em Nova York, enquanto na contramão, o dólar e o ouro, ativos que servem como uma fuga para em momentos como esse, subiram. No caso do ouro, as altas passaram de 1%. Já a moeda norte-americana buscou recuperar o nível dos R$ 4,00.
Assim, no Brasil, o mercado teve mais um dia em que duas forças opostas atuaram sobre as cotações. Enquanto Chicago pesou sobre os negócios e limitou seu movimento, a moeda norte-americana terminou o dia em alta e compensou, pelo menos uma pequena parte dessas quedas.
No porto de Rio Grande, a saca da soja disponível encerrou a terça-feira estável cotada a R$ 79,00 e no de Paranaguá, o último preço foi de R$ 78,00, também estável. Já a saca da soja da safra nova subiu 0,12% para R$ 81,10 no terminal gaúcho, permanecendo a R$ 78,00 no paranaense.
Fundamentos
Para analistas internacionais, as quedas registradas nesta terça-feira em Chicago têm peso ainda do fortalecimento de alguns fundamentos, entre eles a conclusão da safra da América do Sul. “Depois de quatro meses de espera, temos, finalmente, a certeza de grandes safras na América do Sul. Além disso, o mercado ainda vê a desvalorização do peso na Argentina, criando oportunidades de venda para o produtor local”, disse um trader na condição de anonimato em entrevista ao portal internacional Agriculture.com.
Ainda entre os fundamentos, se intensificam também as especulações sobre a nova safra dos Estados Unidos, principalmente sobre a área de plantio tanto da soja quanto do milho, na medida em que se aproxima o Agricultural Outlook Forum do USDA. O evento é um dos mais importantes do ano já que traz, oficialmente, algumas das primeiras estimativas para a nova safra e pode mexer com o mercado.
A agência Bloomberg divulgou, nesta terça-feira (23), suas expectativas para os dados e aponta um ligeiro aumento tanto da área que seria cultivada com soja quanto com milho nos EUA.
Após contingenciamento, seguro agrícola terá orçamento de R$ 400 milhões
A ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) disse nesta terça-feira (23/2) que, após o contingenciamento do Orçamento deste ano, o seguro agrícola da safra 2016/2017 contará com R$ 400 milhões. O anúncio foi feito durante reunião com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em Brasília. Apesar do corte, o MAPA trabalha para manter a mesma proteção alcançada em 2014 para as culturas de maior risco.
A Lei Orçamentária Anual 2016 sancionada pela presidente Dilma Rousseff previa R$ 741.6 milhões para subvenção ao seguro agrícola. Com os cortes de despesas anunciados na semana passada – medida que faz parte do esforço do governo federal para readequação fiscal –, o montante ficou em R$ 400 milhões.
No total, o contingenciamento do MAPA foi de R$ 553.7 milhões, reduzindo o orçamento total da pasta de R$ 2.037 bilhões para R$ 1.483 bilhão. As demais áreas atingidas pelo corte serão anunciadas oportunamente.
“Vamos fazer o trabalho de acordo com a tarefa que recebemos e cumpriremos a determinação com tranquilidade”, ressaltou a ministra. Apesar do corte, as culturas de maior risco manterão o mesmo número de apólices e área protegida de 2014.
Kátia Abreu afirmou que as atividades prioritárias do Mapa não serão prejudicadas pelos cortes. Lembrou que, em 2015, o contingenciamento imposto ao ministério foi de R$ 580 milhões, mas, devido à economia de gastos de R$ 389 milhões ao longo do ano, o impacto real foi de apenas R$ 198 milhões.
“Ao transferirmos recursos da atividade meio para atividade fim, nosso impacto real foi menor. Estamos tentando aproximar ao máximo o MAPA da realidade da iniciativa privada, com menos gasto com a máquina, porque devemos atender ao nosso patrão, que é o contribuinte”, disse Kátia Abreu.
Subsídio
A ministra anunciou ainda mudança na porcentagem da parcela subsidiada pelo governo federal, que passará de 40% a 70% para 35% a 45% na safra 2016/2017. A medida permite que mais produtores e maiores áreas de plantio sejam contemplados.
De acordo com cálculos do MAPA, os R$ 400 milhões serão suficientes para proteger 6.40 milhões de hectares em todo País, em 81.700 apólices. No ano passado, o orçamento de R$ 282.3 milhões cobriu 2.89 milhões de hectares em 40.500 apólices.
Milho: Em Paranaguá, preço futuro tem dia de recuperação e retoma o patamar de R$ 36,50
O preço da saca do milho para entrega em setembro/16 voltou a subir no Porto de Paranaguá e fechou cotada a R$ 36,50 a saca, em alta de 1,39%. No Porto de Rio Grande, a cotação da saca do cereal permaneceu a R$ 44,00.
No mercado interno as cotações ainda continuam sustentadas, já que a oferta ainda segue ajustada em muitas regiões. Em meio à demanda firme, a colheita da safra de verão ainda não ganhou ritmo no Centro-Sul do Brasil, o que contribui para a manutenção dos valores praticados, segundo informam os analistas.
Já as exportações de milho seguem em ritmo aquecido e de acordo com informações da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), até a 3ª semana de fevereiro, os embarques totalizaram 4.424.000 toneladas. A média diária foi de 340.300 toneladas. Em comparação com o mês anterior, a quantidade exportada diariamente representa uma alta de 52,7%, já que em janeiro/16 a média foi de 222.900 toneladas.
Em relação ao mesmo período do ano anterior, a alta é ainda maior e alcança 454,4%. Isso porque, em fevereiro de 2015, o Brasil embarcou 1.104.800 toneladas e a média diária foi de 61.400 toneladas. Segundo dados oficiais da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), na temporada 2014/15, as exportações de milho atingiram um recorde, totalizando 30.2 milhões de toneladas. Para o novo ciclo 2015/16, a entidade projeta os embarques do cereal em 29 milhões de toneladas.
BM&F Bovespa
A sessão desta terça-feira (23) foi positiva para os contratos futuros do milho negociados na BM&F Bovespa. Os principais vencimentos encerraram o dia registrando altas entre 0,19% e 1,35%. O contrato março/16 fechou cotado a R$ 42,69/saca, enquanto o maio/16 fechou a R$ 39,81/saca. Já o setembro/16 fechou o pregão cotado a R$ 36,10/saca.
Mais uma vez, as cotações encontraram suporte no dólar. A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 3,9632 para venda, em alta de 0,32%.
Leilões da Conab
A Conab realizou hoje mais dois leilões de vendas dos estoques públicos de milho. No total foram ofertadas 149.500 toneladas e o volume arrematado foi de 38.190 toneladas, o equivalente a 25,5%. Da primeira operação, de número 24, apenas 6,94% do volume total ofertado do estado de Mato Grosso, de 53.934,798 toneladas, foram negociadas 3.745 toneladas. E com a baixa procura, o preço inicial foi mantido a R$ 23,40 para a saca de 60 kg em todos os lotes negociados.
Na segunda operação, 36,05% do total ofertado, 95.565,202 toneladas, foi negociado, ou seja 34.452,840 toneladas e a sobra foi de 61.112,362 toneladas. De Porteirão (GO), o volume negociado foi de 512 toneladas, do total ofertado de 526,943 toneladas, ou 97,16%. Diante da procura, o valor inicial subiu de R$ 23,40 para R$ 32,10, alta de 37,18%.
Bolsa de Chicago
Os contratos futuros do milho negociados na CBOT fecharam o pregão desta terça-feira (23) em baixa. Ao longo do dia, os principais vencimentos ampliaram as perdas e encerraram o dia registrando quedas de mais de 5 centavos. O vencimento março/16 fechou cotado a US$ 3,62 o bushel, enquanto o contrato maio/16 fechou cotado a US$ 3,66¾ o bushel.
Segundo informações do noticiário internacional, as cotações do cereal foram pressionadas pela queda registrada nos preços do petróleo. Os comentários do ministro de Petróleo da Arábia Saudita, Ali Al-Naimi, de que não cortará a produção por não confiar nos demais países produtores contribuíram para a queda nos valores.
Na conferência da indústria norte-americana IHS-CERAWeek, o ministro defendeu que o mercado irá eventualmente se ajustar com a adaptação dos produtores com custos maiores. Porém, Naimi também reportou que não sabe quando esse ajuste deverá ocorrer.
Enquanto isso, o mercado de milho em Chicago segue sem novas notícias fundamentais que possam modificar os atuais patamares praticados. Diante desse quadro, o mercado aguarda as estimativas da nova temporada americana, especialmente em relação a área que será destinada ao plantio de milho e que deverá ser divulgadas no Outlook Forum. O evento será realizado ainda essa semana, entre os dias 25 e 26 de fevereiro.
Uma pesquisa realizada pela Bloomberg indica que a área cultivada com o cereal deverá ocupar 36.26 milhões de hectares, um aumento de 1,80% em relação à temporada anterior, na qual, foram plantados 35.61 milhões de hectares.
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