A despeito do que afirmam alguns pseudo-ambientalistas, o Brasil possui uma das agriculturas mais sustentáveis do planeta. As áreas destinadas à produção agrícola e pecuária representam menos de um terço do território nacional.
Nos últimos anos, temos conquistado sucessivos ganhos de produtividade. De 1990 a 2015, enquanto a produção de grãos aumentou 245 %, a área plantada teve um crescimento inferior a 50%.
Esses indicadores tem sido obtidos graças ao desenvolvimento e à aplicação de tecnologias apropriadas, sobretudo com a incorporação ao processo produtivo de regiões do Cerrado, que se transformará em um dos mais promissores celeiros de produção de grãos.
Dentro do contexto de agricultura sustentável, ganha destaque uma tecnologia que combina produção agrícola, florestas plantadas e criação animal, realizadas em uma mesma área. Trata-se da Integração Lavoura, Pecuária, Floresta (ILPF), que pode ser implantada em cultivo consorciado, rotação ou sucessão.
Na verdade, não há um modelo único de ILPF. Sua aplicação depende das condições naturais da propriedade rural, em termos de solo, topografia e clima, bem como da infraestrutura de comercialização local, da experiência e do interesse de seu proprietário.
Embora seja uma prática antiga, a adoção dos sistemas de integração no Brasil ainda é limitada.No entanto, como aperfeiçoamento dessa tecnologia, há uma tendência de crescimento, sobretudo na recuperação de áreas de pastagens degradadas. Estima-se que exista cerca de 50 milhões de hectares nessas condições.
O sistema tem sido adotado com maior frequência nas regiões Centro-Oeste e Sul. Hoje, aproximadamente dois milhões de hectares utilizam os diferentes formatos de ILPF. A previsão é de que, até 2030, a integração seja praticada em pelo menos 20 milhões de hectares.
Atualmente, os sistemas de ILPF que contemplam as espécies agrícolas, pastagem e floresta, conjuntamente, ainda são pouco adotados. Grande parte dos pecuaristas prefere implantar apenas a ILP, deixando o florestamento para uma etapa posterior, tendo em vista as características de longo prazo das florestas plantadas.
Além da recuperação de áreas degradadas, as vantagens da integração são as mais diversas. Dentre elas, podemos destacar o aumento da matéria orgânica no solo, a redução no uso de agroquímicos, a conservação dos recursos hídricos, a promoção da biodiversidade, a melhoria do bem-estar animal, a fixação de carbono e a redução da emissão de gases do efeito estufa.
A ILPF constitui uma alternativa econômica e sustentável para diversificar a renda dos produtores, podendo ser adotada em grandes, médias e pequenas propriedades rurais. O sistema também contribui para a manutenção e a recuperação das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal.
A Embrapa desenvolveu tecnologias com diversas possibilidades de combinação entre os componentes agrícola, pecuário e florestal.
O programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Ministério da Agricultura, incentiva a implantação dos sistemas de integração ILPF, com linhas de financiamento em condições favoráveis. Vale a pena conferir.
Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura
Fonte: Produção Rural, n. 06, 2015