A especulação surgiu na tarde desta terça-feira (24/11) e agitou os bastidores dos mercados com reflexos até na Bolsa de Chicago. Até mesmo algumas grandes agências de notícias, como a Bloomberg, levantavam a possibilidade do presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, ir ainda além de suas promessas de campanha e remover totalmente as retenções (imposto sobre exportação) de soja por 90 dias – o que geraria um grande volume de ingresso de divisas no país.
À noite, porém, Macri concedeu entrevista à Rádio Cadena 3 de Buenos Aires negando os rumores. “Não. Não sei na cabeça de quem passou isso. Nossa proposta para o campo é a mesma que expressamos desde o primeiro dia (de campanha), e não há mudanças sobre isso”, respondeu Macri ao ser consultado sobre essa estratégia.
As especulações ventiladas nos últimos dias davam conta de que o novo governo teria um plano de contingência para acelerar a entrada de dólares na economia. O presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA), Miguel Etchevehere, recebeu essa possibilidade com cautela, e pediu “prudência” no processo, que poderia resultar em efeito colateral de consequências negativas.
“A eliminação ou modificação temporária das retenções da soja é um rumor. Preferimos ser prudentes. Se querem fazer isso, vamos conversar. Preferimos tomar contato primeiro com eles (novo governo). Temos que analisar o que aconteceria se uma oferta desse porte fosse liberada no mercado, se poderia baixar os preços”, disse o dirigente à Rádio 10, também de Buenos Aires.
Etchevehere recordou que “a promessa de campanha era de que seriam removidas as retenções a todos os cultivos menos a soja, na qual se eliminaria 5% por ano. Imagino que quando assuma o novo governo, vai haver confiança para que os produtores plantem mais e vendam mais […] Temos que ver se vão fazer o que se comprometeram, o que acreditamos que é o correto”.
De acordo com Leandro Sarquis, um dos assessores de Macri para Agricultura, os produtores têm estoques de US$ 8 bilhões à espera de melhores condições de exportações. De acordo com a agência Bloomberg, se por um lado a medida traria dólares para o país, por outro poderia prejudicar produtores e exportadores de óleo.
Fonte: Agrolink