O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de feijão, segundo o Ministério da Agricultura. O grão típico da alimentação brasileira rende uma média anual de 3,5 milhões de toneladas que são produzidas por pequenos produtores familiares a grandes lavouras por todo o País.
Apesar disso, o cenário atual é de retração. Segundo o seu último relatório de acompanhamento de safra divulgado em julho deste ano, considerando as três colheitas de 2015, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a área total de feijão possa chegar a 2.977.300 hectares, 11,5% menor do que na safra passada, e a produção nacional de feijão deverá ficar em 3.151.200 toneladas, 8,8% menor que a última temporada.
A primeira safra de feijão deste ano foi prejudicada devido à estiagem em determinadas localidades do Brasil. Um dos principais locais atingidos foi o Estado de Minas Gerais, o segundo maior produtor do grão na primeira safra, é o que afirma o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Hélio Sirimarco. E como 2015 é um ano de El Niño, fenômeno causado por variações nas temperaturas do oceano e que pode gerar secas e inundações em diversos países, inclusive no Brasil, tais desequilíbrios podem prejudicar a produtividade nacional do grão.
Para a presente temporada, com os dados de produção estimados de 3.151.200 toneladas, a Conab projeta que partindo de um estoque inicial de 303.900 toneladas (dos quais 45.000 toneladas são estoques públicos), o consumo poderá ficar em torno do registrado na safra anterior, ou seja, 3.350.000 toneladas. As importações deverão ser de 130.000 toneladas e as exportações de 65.000 toneladas, resultando em um estoque de pesagem de 170.100 toneladas, correspondente a menos de um mês de consumo.
Iniciada a colheita de inverno do grão, o clima deixa de ser o vilão da história e passa a contribuir com a terceira safra do feijão, pois, de acordo com as previsões, o ar prevalecerá seco. “A ausência de chuvas combinada com as temperaturas mais altas que as normais para o período e ar seco são exatamente o que o feijão desta safra precisa, não só durante a colheita, mas também no final da maturação, o clima ideal é o seco. Essa é única necessidade da planta na hora da colheita. Temperaturas altas ou baixas não influenciam. Só o excesso de chuva pode atrapalhar”, conclui Sirimarco.
Para proteger a lavoura e garantir a rentabilidade da safra os produtores de todas as regiões devem realizar o manejo preventivo de doenças, atentar-se a nutrição adequada do cultivo e também procurar meios de se precaver em relação a uma possível queda de preços. A perspectiva de aumento de área colhida poderá pressionar os valores e é provável que os empacotadores, percebendo este fato, posterguem ao máximo a reposição durante o mês de agosto. Porém, as previsões para 2015 são positivas em relação ao cultivo do grão mais presente na mesa do brasileiro.